O projeto “+ Social” proporciona as aulas de música gratuitas em Vila Nova e São Vicente de Paula, na cidade de Vila Real. “O objetivo é que estes meninos, que não têm possibilidade de ir para um conservatório ou uma escola, possam também ter acesso à música, mas numa forma de inclusão social”, afirmou à agência Lusa o técnico da Associação Música Esperança, Vasco Sousa.

Henrique é o mais pequeno e o mais irrequieto da aula em Vila Nova. Diz que gosta muito de música e está neste momento a aprender a tocar flauta, o mesmo instrumento que o próprio fez com a ajuda do professor. “Pegamos num tubo, fita-cola, uma metade de rolha e começamos a construir. Fizemos uns buraquinhos, depois metemos a metade da rolha dentro do tubo e cortamos um pouco. Agora toca bem”, explicou. Depois da flauta, quer aprender a tocar piano mas, apesar desta paixão pela música, o pequeno sonha em ser piloto dos helicópteros que apagam os fogos.

Quirina está a aprender a tocar guitarra e salientou que se não fosse este espaço os pais teriam que pagar para estar a aprender noutro sítio. Diana vem à aula desde que o projeto arrancou. Também é bailarina e por isso gosta tanto de música. “Se assim não fosse não conseguia dançar”, frisou. A jovem está a aprender guitarra conjuntamente com Quirina, mas antes já tinha ensaiado num outro grupo, que entretanto acabou.

Luís aprende a tocar tambores mas reconhece que está a ser difícil. Os instrumentos onde bate foram feitos por si, aproveitando baldes de tinta vazios, que revestiu de peles com a ajuda do professor. O jovem até gostava de um dia aprender a tocar guitarra elétrica mas, por agora, aquilo que gosta mesmo de fazer é jogar à bola.

Neste momento, os pequenos músicos estão ensaiar uma melodia para a festa de Natal. O professor Vasco dá o arranque aos acordes e primeiro entra em ação Luís com os seus tambores improvisados, depois Quirina e Diana e, por fim, Henrique com a sua flauta.

O objetivo da Associação é fazer com que estas crianças se “sintam felizes a fazerem música”. Para isso, Vasco Sousa quer fornecer-lhes as ferramentas necessárias para que, depois, “possam caminhar sozinhos”. “Por exemplo, num fim de semana juntarem-se e fazerem música para os amigos, animar festas dos bairros. Fazer da música algo que os possa incluir na sociedade de uma forma produtiva”, frisou. A aprendizagem tem sido gradual. “É uma atividade que, para a evolução ser mais rápida, exige disciplina e regularidade e eles não têm”, salientou.

As aulas nos dois bairros decorrem uma vez por semana. Quer para Vila Nova ou em São Vicente de Paula, o professor traz sempre consigo o teclado. Por isso, quem está a aprender este instrumento só pode treinar uma vez por semana. Outros já têm o próprio instrumento e praticam em casa, mas acaba por ser sempre Vasco a fazer a sua afinação.

“Para o final do ano letivo, um dos meus objetivos era que eles já dominassem o instrumento para eles pudessem já fazer música. Agora estão a aprender, depois quero que sejam livres e felizes a fazerem música em concreto. Isso sim é o meu grande objetivo”, concluiu.

@Lusa