![Mário Laginha vai ser programador da Casa da Música em 2014](/assets/img/blank.png)
“A Casa do Mário” é o nome de um espaço novo de programação em que a Casa da Música convida alguém para, na dupla qualidade de compositor e intérprete, apresentar as suas escolhas. Como o nome indica, o primeiro escolhido é Mário Laginha que terá o seu ciclo de concertos entre 8 e 15 de julho.
“Foi um convite honroso”, afirmou à Lusa Mário Laginha que vai trabalhar especialmente com dois dos agrupamentos residente da Casa da Música, a Orquestra e o Remix, mas que atuará também em trio com Julian Arguelles (saxofone) e Helge Norbarkken (percussões).
Para o Remix, Mário Laginha vai repescar uma obra encomendada para a inauguração da Casa da Música, em 2005. “ ‘Até aos ossos’ é uma grande peça, com sete andamentos, com piano e saxofone como solistas, que nunca mais toquei”, explica Mário Laginha.
Para a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, Mário Laginha escolheu, além do seu “Concerto para piano e orquestra”, obras de Béla Bartók, J. S. Bach e Bernd Alois Zimermann. Coube ainda ao pianista propor ainda um concerto de um jovem solista da nova geração do jazz, Ricardo Toscano, já distinguido pelo Prémio Jovens Músicos.
Mas 2014 é também ano para o Mário Laginha Novo Trio apresentar ao vivo o disco que tem na origem o encontro do pianista com o guitarrista Miguel Amaral no espetáculo “Lágrimas”, de Ricardo Pais. “Fiquei muito impressionado com ele enquanto músico”, explica Mário Laginha. “Logo quando o convidei para o projeto, já tinha ideias e isso foi fundamental. Em todos os temas que fui escrevendo, de vez em quando perguntava-lhe se aquele acorde seria possível na guitarra portuguesa. Esse ‘work in progress’ é um desafio apaixonante”.
O disco “Terra Seca”, que terá o primeiro espetáculo em fevereiro no São Luiz, em Lisboa, nasce dessa ligação de Laginha à guitarra portuguesa. “É um instrumento suficientemente especial e forte para se aventurar por mais coisas para além do fado. Aliás, a prova disso é que há, entre outros, o Carlos Paredes, o Pedro Caldeira Cabral, o Ricardo Rocha, que mostraram que se pode fazer coisas maravilhosas com a guitarra portuguesa, que não são fado”.
Para o pianista, o cruzamento entre o jazz e a guitarra portuguesa, “é um terreno que não está explorado” e por onde ele fez uma incursão, seguindo “um bocado o instinto e influências de música que ouvia, desde o jazz clássico a guitarristas portugueses que sempre voaram” no seu imaginário.
O nome do disco surgiu dessa vontade de explorar: “As terras secas, por norma, são áreas pouco habitadas e para que se tornem férteis, têm de ser trabalhadas. Achei a analogia atraente, de estar numa zona pouco habitada musicalmente, há poucas coisas que se tenham feito, e, nada como tentar e experimentar”, concluiu.
@Lusa
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