
“A ideia é falar do fado explicando as suas especificidades, quer do ponto de vista instrumental, quer da estrutura poética”, disse Marco Rodrigues.
“Irei contar até certas curiosidades, menos conhecidas fora do meio fadista, como o facto de a guitarra portuguesa ter doze cordas e ser tocada com três dedos, ou importância da viola baixo, nomeadamente naquilo a que chamamos ‘puxadas’”, acrescentou.
“Há ainda uma outra vertente, que é aproximar pessoas da região ao concerto”, continuou o fadista que irá partilhar o palco com a fadista indiana Sónia Shirsat, que já gravou com António Chaínho.
Marco Rodrigues atua no dia 3, pelas 20:00 locais, no adro da capela de N.ª Sr.ª do Monte, em Velha Goa, acompanhando-se à viola, e partilhando o palco, com Pedro Viana na guitarra portuguesa e Frederico Gato na viola baixo. O guião do concerto é do poeta Tiago Torres da Silva, autor de algumas das letras do mais recente álbum do fadista, “Tantas Lisboas”.
No dia 2 de fevereiro de manhã, Marco Rodrigues apresenta um workshop de fado no Hotel Cidade de Goa. “Este projeto vai ao encontro daquilo que nós, pessoas do fado, devemos fazer, que é arranjar formas de salvaguardar o património que só pode ser preservado se for conhecido e entendido, daí haver uma vertente didática, de workshop, além do concerto”, explicou o cantor de “O Homem do Saldanha”.
O fadista recordou que “o plano de salvaguarda inscrito que integra a classificação do Fado como Património Imaterial da Humanidade, pela UNESCO, prevê um programa educativo”, que citou explicitamente o texto oficial, lembrando que se deve verificar a “integração transversal de conteúdos relacionados com o universo e cultura do Fado, nos programas escolares dos vários níveis de ensino - do básico ao superior -, articulando as perspetivas académicas e científicas com o saber e a participação efetiva da comunidade do fado: intérpretes, músicos, autores, compositores, construtores de instrumentos”.
O projeto do fadista distinguido com o Prémio Amália Rodrigues Revelação em 2008 é apoiado pelas fundações INATEL e Oriente e colheu um apoio financeiro da Direção Geral das Artes de 8.712 euros, cerca de 85 por cento do custo total, no âmbito dos apoios à internacionalização.
O intérprete de “Valsa das paixões” pretende também levar este projeto às escolas e bibliotecas de Portugal.
Marco Rodrigues venceu em 1999 a Grande Noite do Fado de Lisboa e passou a integrar o elenco da casa de fados Café Luso, no Bairro Alto. Em 2006 editou o álbum “Fados da Tristeza Alegre”, em 2010 saiu “Tantas Lisboas”, que teve uma segunda edição, o ano passado, com DVD. O próximo álbum “está gravado”, disse o fadista à Lusa, tendo apontado a data de saída para março.
Atualmente, além dos concertos em que se apresenta, Marco Rodrigues assume a direção artística do restaurante típico Adega Machado, em Lisboa.
@SAPO/Lusa
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