
A secretária regional da Educação, Cultura e Desporto dos Açores, Sofia Ribeiro, disse hoje à agência Lusa que o Carnaval “tem uma grande expressão” no arquipélago e é distinta nas diferentes ilhas.
A “maior e mais conhecida” expressão carnavalesca da Região Autónoma dos Açores acontece nas ilhas Terceira e Graciosa e está relacionada com “os famosos bailinhos”.
“Nós temos, praticamente, em cada freguesia, em cada sociedade [coletividade], um ajuntamento de pessoas que ficam, agora, neste período de Carnaval, a ver passar manifestações de teatro e dança que envolvem os populares”, explicou.
No caso da ilha Terceira, Sofia Ribeiro referiu que durante esta manifestação cultural popular “uma grande fatia da população” junta-se, seja “a tocar ou no drama”.
“[Um grupo da comunidade] está a fazer um evento cultural, a fazer o seu ‘sketch’[pequena apresentação teatral], muitas vezes com sátira popular, com crítica popular, muitas vezes até mesmo política e, desta forma, também a entreter a população que está a ver”, relatou.
Os bailinhos de Carnaval da Terceira são “uma tradição já secular”, que está inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial de Portugal desde 2020.
“[Esta tradição] implica um grande trabalho da população, nas várias freguesias, de preparação dos ‘assuntos’ que, no fundo, são os temas - que aqui [na ilha Terceira] se chamam ‘assuntos’ -, da crítica do bailinho que vai sair, depois da construção da sua própria musicalidade e também da dança”, explicou.
A governante referiu ainda que a preparação dos bailinhos “envolve várias semanas de trabalho”, incluindo a preparação da indumentária, “com fatos riquíssimos, que são feitos também pelos locais, pelas costureiras, com adornos à medida e que vêm dar muito valor a esta iniciativa”.
O “ponto alto” do Carnaval açoriano é entre o dia de hoje e terça-feira, mas, no caso da ilha Terceira, a secretária regional da Cultura dos Açores indicou que “já há bailinhos a decorrer” há duas semanas e a população está a “mexer-se” em redor dos eventos.
“Praticamente não há outra atividade para além desta em torno da cultura terceirense. E, sem dúvida, que acolhe muitos transeuntes para verem o Carnaval, que é, de facto, uma manifestação cultural única”, disse.
Para justificar a importância do Carnaval para a dinamização cultural e económica da região, a governante avançou que esta é uma altura do ano em que há reforço de voos para a ilha Terceira e os hotéis “estão totalmente lotados, porque há este evento cultural muito forte”.
O Governo Regional dos Açores, os municípios da ilha Terceira e o Museu do Carnaval da ilha revelaram na quinta-feira que estão a preparar, em conjunto, uma candidatura do Carnaval da ilha Terceira a património mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
As diferentes entidades já se reuniram várias vezes, informalmente, e deram agora mais um passo para a formalização da candidatura, que ainda não tem data para ser apresentada.
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