Foi uma Sala Suggia esgotadíssima aquela que recebeu os Madredeusontemà noite. Em apresentação na Casa da Músicaesteve "Essência", um trabalho totalmente produzido por Pedro Ayres Magalhães - que se ocupa, em palco,da guitarra clássica -, e que representa o que de melhor os Madredeus produziram ao longo da sua carreira, percorrendo temas de "Os Dias da Madredeus", "Existir", "Espírito da Paz", "O Paraíso", "Movimento" e "Metafonia", que aqui ganham novos arranjos, nova vida.

O silêncio na sala é absoluto enquanto ecoam, sublimes, canções como Ao Longe o Mar, O Pomar das Laranjeiras, Palpitação, A Sombra, A Confissão, O Navio, Coisas Pequenas, entre outras, resgatadas dos anos 90 - década dourada do grupo, considerado unanimamente como um dos mais importantes de toda a história da música portuguesa.

Em palco, a música escuta-se exímia, cada nota tocada com a mestria de quem é músico a vida toda. Mas as canções não parecem as mesmas de outrora, não vivem da intensidade e da beleza da voz de Teresa Salgueiro, antiga vocalista e fundadora da banda, agora substituída por Beatriz Nunes. É caso para dizer; Deus já não tem mãe, tem madrasta.

Ana Cancela