Em declarações à agência Lusa, Sérgio Milhano lembrou que o ciclo está a celebrar dez anos, com “um nítido crescendo de público” e que “se aprende de umas edições para as outras” a programar cada edição.
“Temos sempre a preocupação de trazer projetos que não sejam uma repetição de coisas que já chegaram à cidade [de Almada], de serem diversificados no género, não só musical, mas também masculino e feminino, e seremos representativos das diversas comunidades que residem no nosso país”.
Ana Sofia Paiva e Marco Oliveira abrem o ciclo sob a memória de José Afonso, com recital “Paz, Poetas e Pombas”, no próximo dia 25, às 17:00, junto à estufa do jardim botânico, onde está patente a exposição “Phyto.Graphias”.
Este recital é criado a partir do espetáculo "UTOPIA: Cartas a José Afonso", em que o cantautor Marco Oliveira e a atriz Ana Sofia Paiva evocam a obra do autor de “Grândola, Vila Morena”, através dos seus poemas, melodias e anotações, numa conceção em que “tiveram até em conta anotações que o Zeca fez, à margem dos seus apontamentos”, explicou Milhano.
Em “Paz, Poetas e Pombas”, “mantém-se a lógica das cartas ao Zeca, de cantar as suas músicas e a sua poesia, com uma sessão que convoca muitos outros poetas em celebração dos ideais de Abril”.
A programação inclui os “Concertos ao Pôr-do-Sol”, nos dias 29 de junho, 27 de julho, 31 de agosto e 28 de setembro, sempre às 21h30.
Gume, um projeto coletivo de afro-beats, é o primeiro concerto desta série ao pôr-do-sol. Trata-se de um coletivo que vai contar com Raquel Lima, como convidada especial, e Spoken Word.
Os Gume são Yaw Tembe (trompete), Sebastião Bergmann (bateria), André David (guitarra), Pedro Monteiro (baixo) e David Menezes (percussão), e contam já com dois discos editados, “Pedra Papel” (2017) e “Dobra” (2023).
Aos Gume segue-se o jazz do quarteto do baterista Mário Costa, que editou recentemente o álbum “Chromossome”. O quarteto conta ainda com a trompete de Cuong Vu, o contrabaixo de Bruno Chevillon e o piano de Benoît Delbecq.
“O convite é [para as pessoas] conhecerem e usufruírem do jardim da Casa da Cerca e daquele espaço, com vista para Lisboa", explicou Milhano. Por isso, os organizadores tentam "ser o menos possível intrusivos, evitando fazer aquele formato de grande festival com um grande palco, com um semi-orbital e grandes estruturas técnicas."
Em agosto atuam Paulo Ribeiro e as Cantadeiras de Essência Alentejana, um projeto muito relacionado com Almada, na medida em que as cantadeiras, de origem alentejana, residem no concelho.
Em setembro atua o produtor DJ Ride, que no ano passado venceu o campeonato mundial de DJ na Polónia, nas categorias “Técnica” e “Party Rocking”.
No dia 26 de outubro, às 17h00, num “concerto invisível”, atua a violoncelista Sandra Martins. A proposta é a violoncelista tocar sem o público a ver e vice-versa, explicou Sérgio Milhano, das Produções Zurca.
A Casa da Cerca-Centro de Arte Contemporâmea de Almada compreende um palacete e uma quinta de recreio do século XVIII. Depois de diferentes usos, como ex-Hospital da Armada, em 1988 a quinta e o palacete foram adquiridos pela Câmara de Almada.
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