Jon Hopkins, produtor britânico, passou pelo Musicbox, em mais uma Heineken Series para fazer soar os temas de Immunity, o álbum que lançou em 2013, pela Domino Records, aclamado pela crítica pela capacidade de criar e alternar ambientes. Na bagagem trouxe outros temas mais antigos e um espetáculo de projeção visual. Um concerto de música para ser vista, marcado por uma montanha russa de emoções e uma incontrolável vontade de dançar e mexer, com a adrenalina a pulsar nos vasos sanguíneos.

Numa noite de Verão tropical, perto da meia-noite, encontramos um Caís do Sodré às escuras. Junto da porta do Musicbox, uma fila de pessoas adensava-se, sem saber se o concerto esgotado apenas atrasaria ou se teria mesmo de ser cancelado por eventuais dificuldades técnicas. Contudo, estas não impediram a festa de começar, cerca de uma hora e meia depois do previsto. Foi, portanto, por volta da uma e meia da manhã que Óscar Silva, responsável pelo projeto Jibóia, subiu ao palco acompanhado da sua guitarra que, durante a sua atuação, ajudou a invocar toda uma aura oriental, que fez subir a temperatura, que só de si era já sufocante, mas não suficiente para demover os presentes de dançar ao som dos temas do EP homónimo.

“Uadjit” fez a ponte para a nova fase de Jibóia, com Ana Miró, conhecida entre muitos como Sequin, que aqui abandonou momentaneamente o tom mais doce da sua voz, para conferir mais texturas e gritos aos temas da Jibóia. E o público respondia, tal qual serpentes encantadas, deixando-se levar pelos sons do futuro Badlav, do qual ainda apenas se conhece “Dvapara Yuga”. Assim que o encantamento foi quebrado, os aplausos romperam pela sala e o palco ficou completo com uma enorme mesa, atrás da qual apareceu Jon Hopkins, para grande contentamento e entusiasmo dos presentes.

E se a primeira parte primou pela envolvência e pelos toques orientais que nos fazem viajar, o universo musical de Jon Hopkins tem a capacidade de nos transportar de tal forma que, não fossem os aplausos a marcar as transições entre músicas, todos os ambientes criados, por muito diferentes que sejam, se interligam de forma coesa e fluída. E falamos de ambientes pois, tal como dissemos na introdução, são músicas para ser vistas, integrando o som e a imagem como um todo. E se os graves e baixos são acompanhados de imagens de ambientes urbanos, quotidianos acelerados, misturando dia e noite, os toques mais suaves de piano ilustram paisagens de natureza e montanha, ainda que alteradas por cores e formas psicadélicas.

Hopkins, concentrado nas transições, girava os botões com entusiasmo, sorrindo ao ver as reações positivas que desencadeava nos presentes, parando de vez em quando para beber um pouco de Heineken. O ambiente quase de rave onde mal seria ficar parado e sem reação e a música essa, inspirava um misto de sensações, provocando reflexos nos músculos, braços, pernas e pés. Ouvimos desde “Insides” a “We Disappear” ou até “Collider”, estas últimas do mais recente registo.

“Open Eye Signal” teve em pano de fundo, a “odisseia” e “viagem” em skate que já conhecemos do vídeo lançado e foi recebida com gritos de alegria. Para a despedida, um brinde e palmas. Jon Hopkins saiu de palco deixando rendido um público de um Musicbox a barrote. E as reações foram tão mistas quanto possível. Se uns se dirigiram para casa, devido à intensidade do que haviam acabado de ver, outros ficaram para fazer perdurar a dança até ao set seguinte, da responsabilidade dos Bangkok Snobiety.

Texto e fotos:Rita Bernardo