O músico Geoffrey Gurrumul Yunupingu é o maior fenómeno da música australiana dos últimos anos. A revista “Rolling Stone” não hesitou em trazê-lo para a sua capa, intitulando-o “a voz mais importante da Austrália” e o “Sydney Morning Herald” designou-o a maior voz que aquele país alguma vez gravou.

Cantor, guitarrista, pianista e autor, Gurrumul nasceu cego no seio do clã Gumatj, na ilha Elcho, junto à costa norte da Austrália. De grande riqueza melódica, harmónica e emocional, a sua voz e as suas canções sobre a identidade aborígene comoveram o público australiano e internacional e conseguiram fazer de um artista de perfil “anti-celebridade” um artista capaz de vender meio milhão de discos em todo o mundo, como aconteceu com o seu álbum de estreia, “Gurrumul” (2008).

“Rrakala”, o seu segundo álbum, lançado em 2011, tem sido recebido com o mesmo entusiasmo pelo público e pela crítica.

O grupo Narasirato representa o melhor da música com ligações a um modo de vida, uma tradição e uma paisagem.

A formação, iniciada em 1991 e reformada em 2008, é composta por um grupo de pescadores e agricultores originários do povo Are’are de Malaita, uma das mais de mil ilhas do diversificado arquipélago de Salomão, no Pacífico Sul.

As suas canções têm como temas a natureza e a memória dos antepassados, mas também preocupações contemporâneas, como a subida dos oceanos, consequência do aquecimento global, que está a pôr em causa a sobrevivência de muitas comunidades (por vezes países inteiros) no Pacífico.

As principais componentes da sua música são as flautas de bambu, várias percussões tradicionais e as harmonias vocais. Os instrumentos são, na sua maioria, fabricados à mão.

Em palco, cobertos por vestuário e pinturas corporais tradicionais, fazem música de grande poder rítmico e festivo, capaz de pôr a dançar gente de todas as “tribos” estéticas (não foi por acaso que grandes festivais de rock europeus como Glastonbury e Roskilde os incluíram nos seus alinhamentos em 2011).

Depois do EP ao vivo “Tangio Tumas”, editado em 2011, lançam em breve “Warato’o”, o seu primeiro disco de longa duração.

Além destes, já está também confirmada a presença no festival de Mari Boine (Noruega), JuJu (Gâmbia/Reino Unido), Oumou Sangaré & Béla Fleck (Mali / EUA), Hugh Masekela (África do Sul), Fatoumata Diawara (Mali), Bombino (Níger – Cultura Tuaregue) e Jupiter & Okwess International (R. D. Congo).

Até ao momento, ainda não há informação sobre o preço dos bilhetes para o festival de world music, que comemora este ano a sua 14ª edição.

Sara Novais