Themandus, Nelembe Ensemble e o trio Carreiro/Gapp/Sousa são outros nomes da programação do festival organizado pelo coletivo Gira Sol Azul, que se traduz em nove concertos para público em geral, quatro de rua, três outros ao domicílio, mais três 'jam sessions', sem esquecer as 12 horas de rádio ao vivo, as 18 horas de 'workshop' para estudantes de música e as cinco horas de 'masterclass' para músicos profissionais.
Outra novidade desta edição é uma “campanha forte” assente no conceito de "donativo consciente" de acesso aos concertos, mantendo-se porém as entradas gratuitas: dá quem o pode fazer, para um acesso equitativo do público.
“Vamos fazer uma forte campanha para um donativo consciente, com base num conceito de equidade, para um acesso livre a todo o público. Mantemos as entradas gratuitas, mas apelamos a quem pode para dar”, anunciou a diretora do Gira Sol Azul, Ana Bento.
A entidade que organiza pela 11.ª vez o festival Que Jazz É Este? explicou que “a ideia é que as pessoas que não podem não sintam o dever de dar, mas quem o pode fazer, para dar em consciência do quanto pode dar”.
“Porque as coisas não se fazem do ar, há uma série de trabalho e é uma forma de contribuir para a sustentabilidade do festival e para o manter a nível profissional, daí este apelo ao público”, defendeu Ana Bento.
A campanha surge no ano em que a candidatura à Direção-Geral das Artes (DGArtes), no valor de 35 mil euros, foi recusada, o que levou ao corte de um dia no festival, uma vez que a organização só conta com apoio da Câmara Municipal de Viseu, em 55 mil euros.
Assim, há menos dois concertos do que em edições anteriores, menos um projeto comunitário e menos conversas programadas. "Ficam as que acabam por surgir naturalmente”.
O festival, que “graças às parcerias com outras entidades” acontece em vários espaços da cidade de Viseu, abre com Themandus, no jardim da Escola Profissional Mariana Seixas.
“Uma banda emergente que já está num nível incrível e que já toca a nível nacional e internacional. Depois de ganharem o concurso internacional de jazz da Universidade de Aveiro já gravaram o primeiro disco”, destacou.
Sergio de Lope Trio atua nos claustros do Museu Nacional Grão Vasco e, na Casa do Miradouro, onde a Gira Sol Azul apresentou hoje a programação, atuam os Wizz, “um coletivo que cruza um músico do Porto, um de Berlim e um outro da Galiza”.
O parque Aquilino Ribeiro acolhe Ms Maurice e Nelembe Ensemble, o Teatro Municipal Viriato, o duo Nguyên Lê e Gary Husband, e uma unidade hoteleira, o trio Carreiro/Gapp/Sousa.
O coletivo Gira Sol Azul atua no parque Aquilino Ribeiro com Selma Uamusse que “explora as raízes do seu país de origem, Moçambique, usando ritmos e letras em línguas nativas, com a utilização de instrumentos tradicionais”.
“Este ano conseguimos aquilo que já queríamos há algum tempo, que era trabalhar mais esta estética africana”, destacou Joaquim Rodrigues, um dos responsáveis pela programação.
Ana Bento disse que o festival mantém as rubricas de jazz na rua e jazz ao domicílio, para que “a música se atravesse no caminho das pessoas” e, a este propósito, o coletivo reforçou as parcerias com escolas profissionais.
“Além das escolas da região, Santa Comba Dão e Seia, que há anos participam [no festival], este ano temos o Conservatório de Música do Porto, que tem o curso especializado em jazz, e o Conservatório de Coimbra”, anunciou.
Aos concertos pelas ruas da cidade e no centro urbano, na Praça da República (Rossio), o festival junta a ida “às prisões e aos lares, alargando desta forma o acesso à cultura e à música”.
A Rádio Rossio continuará a emitir da sua “simpática caravana”, este ano com presenças de Isilda Sanches, Cristóvão Cunha, Brunex e Liliana Bernardo e Gumbo Beirão, e “as manhãs são da responsabilidade das rádios escolas da Azeredo Perdigão (Viseu) e do agrupamento de Mangualde".
“E porque o festival é feito de encontros e de improvisos, as noites acabam, invariavelmente, no Carmo 81, em ‘jazz sessions’ num tom mais informal, porque é importante manter este lado” do evento, defendeu Ana Bento.
A vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Viseu, Leonor Barata, assumiu o compromisso municipal no “apoio a quatro anos para poder dar mais estabilidade” à organização e não poupou elogios ao festival.
“O que mais me fascina aqui é a diversidade de propostas e a capacidade de provocar estes encontros mais imprevisíveis, esta ideia de surpresa da programação, bem como a ocupação de vários espaços”, destacou Leonor Barata.
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