Em entrevista à agência Lusa, a propósito do álbum "Sereia Louca", que edita na segunda-feira (e já disponível no MEO Music), Capicua afirmou que considera que, nos últimos anos, têm surgido mais músicas sobre a realidade social portuguesa, mas desculpabiliza os músicos jovens por não serem mais interventivos.
"Eu não aprendi na escola como é o nosso sistema de segurança social e sistema fiscal. O que é a diferença entre a Esquerda e a Direita. Aprendi com o meu pai. Se as pessoas têm medo de falar de política em casa, não podem estar à espera que os filhos vão para as manifestações ou que escrevam trovas do PREC. Eles não sabem a história, porque é que haveriam de a apanhar por osmose?", pergunta Capicua em entrevista à Lusa.
Em "Sereia Louca", a rapper aborda questões que lhe interessam e a preocupam, como a condição da mulher, a ecologia, a relação dos portugueses com o seu passado, a memória, o amadurecimento. É talvez a sua forma de participar na sociedade, embora admita que não existe muito a "cultura de discussão" do que são os problemas dos portugueses: "Se não cultivamos nas pessoas o interesse por aquilo que são as coisas que influenciam a sua vida diretamente, se não estimulamos a cidadania, se temos medo de falar de política enquanto povo, não podemos esperar que as pessoas sejam super interventivas. Acho que isso acontece também com os músicos".
Ainda assim, Capicua - Ana Fernandes, nascida há trinta anos, no Porto - reconhece que "está cada vez mais difícil ser imune". "Até nos podemos alienar e viver num mundo fácil, mas basta andar na rua, conhecer amigos que emigram, pessoas que ficam sem emprego, mais sem abrigo, pessoas que não andavam a pedir e que agora andam, casas à venda em todo o lado. É cada vez mais difícil não falar sobre isso", disse.
Capicua apresentará o álbum "Sereia Louca" em dois concertos: A 29 de março, no Plano B, no Porto, e a 5 de abril, no Musicbox, em Lisboa.
@Lusa
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