A escolha do programa, com peças de Francisco Fernández Palero e Francisco Correa de Arauxo, salienta a especificidade do órgão de tipo ibérico do templo, construído em 1765 por João Fontanes de Maqueira, e restaurado em 1994 por Claudio e Christine Rainolter.

O órgão ibérico diferencia-se de outras tipologias, desde logo pelas trombetas em chamada, isto é, na horizontal, que não se encontra noutras partes da Europa, e possui habitualmente um único teclado, sendo possível encontrar exemplares com dois. O teclado divide-se em duas secções, baixos e tiples, ou mão esquerda e mão direita. O número de teclas é inferior ao dos órgãos modernos.

Neste concerto, de Palero, será interpretado “Queramus a quatro glosado" e, de Arauxo, o “Tiento de quinto tono”, do livro “Facultad Organica”, de 1626, e o “Tiento de medio registro de dos tiples de septimo tono”.

Fazem parte do programa o “Tiento lleno, 1er tono”, de um anónimo do século XVII, "Discante sobre la Pavana Italiana", do livro “Obras de Musica”, de 1578, de Antonio de Cabezón, e a “Obra de octavo tono, dos bajos”, de Joseph Jiménez.

No concerto, marcado para as 17:00 de sábado, Brett Leighton irá interpretar também o “Tiento de Tonadas”, de Frei Cristóbal de San Jerónimo, e duas peças de anónimos do século XVII, “Diferencias sobre la gayta” e “Batalha de 6.° Tom”.

O australiano Brett Leighton é professor de Órgão e Cravo na Universidade Anton Bruckner, em Linz, na Áustria, tendo estudado com David Rumsey e com Michael Radulescu.

Segundo nota da editora Althum, que organiza o ciclo com o Patriarcado de Lisboa, “o seu interesse pelo cravo levou-o a estudar em Basileia, com Jean-Claude Zehnder, e em Amesterdão, com Ton Koopman”, tendo também trabalhado com Luigi Ferdinando Tagliavini, Harald Vogel e Jean Langlais. Em 1979, Leighton ganhou o Prémio Paul Hofhaimer de interpretação de Música Antiga.

O Ciclo de Órgão de S. Vicente de Fora prossegue no dia 10 de maio, com um recital por Célia Sousa Tavares. No dia 14 de junho, realiza-se um concerto pelo organista Rui Paiva, com o Ensemble Vocal da Academia de Música de Santa Cecília, sob a direção de António Gonçalves, terminando no dia 12 de julho com um recital pelo organista Marco Aurélio Brescia e a soprano Rosana Orsini.

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