Resultando de um trabalho de investigação e edição conduzido por Hélder Sousa, do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra, o álbum apresenta composições identificadas em dois manuscritos à guarda de arquivos portugueses e reúne assim 13 obras de Pedro de Araújo (c. 1630-1707), entre as quais “12 com autoria comprovada e um com autoria atribuída”.
O organista Rui Fernando Soares, que interpretou essas composições para a Brilliant Classics, diz que o objetivo da gravação é “levar Pedro de Araújo além-fronteiras”, revelando como o compositor explorava os géneros musicais em voga na Península Ibérica do século XVII – a batalha, o tento, o meio registo e a fantasia – e os aplicava ao repertório tradicional para instrumentos de tecla de instituições eclesiásticas.
“A maior dificuldade do projeto foi o trabalho de campo, envolvendo o estudo, a preparação e a edição das partituras”, revela Rui Fernando Soares à agência Lusa, explicando que, “como acontece com vários teclistas ativos em Portugal na segunda metade do século XVII, os dados documentais sobre Pedro de Araújo são insuficientes para conhecer em profundidade o seu percurso de formação e todos os contornos da sua carreira profissional”.
Mais fácil foi conseguir o apoio da Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda, que gere o espólio do Mosteiro de Arouca, e obter a autorização dessa entidade para gravar o álbum no respetivo órgão de tubos, concluído em 1743 por Manuel Benito Gomez Herrera, organeiro de Valladolid.
“Escolhi este magnífico órgão histórico por ser um instrumento do início do século XVIII, que chegou até nós num excelente estado de conservação, aproximando-nos das sonoridades que o próprio Pedro de Araújo teria disponíveis no seu tempo”, diz Rui Fernando Soares.
Com uma duração de 68 minutos, o disco “Pedro de Araújo – Organ Music” pode ser adquirido em suporte físico no Mosteiro de Arouca e no 'site' da editora Brilliant Classics, e em versão 'online' nas plataformas iTunes e Spotify.
“É uma alegria ímpar apresentar este trabalho não só a nível local e nacional, mas também internacional”, confessa Rui Fernando Soares. “Através das novas formas de divulgação de música, damos a conhecer a todo o mundo o órgão de tubos do Mosteiro de Arouca e, acima de tudo, a música portuguesa, que tanto precisa de ser estudada e divulgada, como merece”, conclui o organista.
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