"Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo" foi o Melhor Filme da 95.ª cerimónia dos Óscares no Dolby Theatre, onde acabou o sonho bonito do primeiro filme português nomeado para as estatuetas douradas: "Ice Merchants" perdeu Curta-Metragem de Animação para a favorita da Apple.

Veja aqui a lista completa de vencedores dos Óscares 2023
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Foi Harrison Ford a anunciar Melhor Filme, o de uma vitória histórica para a representação asiática em Hollywood: sete estatuetas para uma comédia que oscila entre o absurdo e o fantástico, centrando-se numa imigrante chinesa de meia-idade que se vê atirada para uma aventura em múltiplos universos e linhas temporais.

Embora o estúdio A24 tenha sido o primeiro em 95 anos a fazer o pleno dos seis grandes prémios (Filme, Realização e os quatro atores), esta foi ainda uma boa noite para a Netflix, com as vitórias da animação de "Pinóquio de Guillermo del Toro" e principalmente de "A Oeste Nada de Novo", com quatro estatuetas, incluindo a de Melhor Filme Internacional, depois de uma primeira versão americana do romance de Erich Maria Remarque ter ganhado a terceira estatueta dourada para Melhor Filme em 1929-1930.

Dentro da sala, Jessica Chastain terá sido uma das poucas que nunca tirou a máscara (para não colocar em risco de cancelamento a sua peça na Broadway): após duas cerimónias memoráveis pelas piores razões — a "socialmente distante" na Union Station de 2021 que bateu o mínimo histórico nas audiências e a do ano a seguir onde praticamente tudo foi ofuscado pela bofetada de Will Smith ao apresentador Chris Rock —, foi a primeira vez em três anos que se sentiu uma verdadeira noite dos Óscares

Veja as fotos das estrelas na passadeira champanhe:

Um palmarés com poucas surpresas

Ke Huy Quan, Michelle Yeoh, Brendan Fraser e Jamie Lee Curtis

Apesar de algumas análises e teorias dos analistas e gurus dos Óscares desde o anúncio das nomeações a 24 de janeiro, que apontavam para várias categorias competitivas, o palmarés acabou por ter poucas surpresas.

Por vezes, o mais simples é seguir as indicações da própria Academia, nomeadamente quando colocou a produção da A24 "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo" a liderar com 11 nomeações: acabaram por ser sete estatuetas douradas para distinguir Filme, Realização (Daniel Kwan & Daniel Scheinert), Atriz (Michelle Yeoh), Ator Secundário (Ke Huy Quan), Atriz Secundária (Jamie Lee Curtis), Argumento Original e Montagem.

O MOMENTO.

Daniel Kwan & Daniel Scheinert tornaram-se apenas a terceira dupla em 95 anos a ganhar Melhor Realização, depois de Robert Wise & Jerome Robbins ("West Side Story", 1961) e os irmãos Coen ("Este País Não É Para Velhos", 2007) e este é o primeiro "Melhor Filme" a ganhar três dos quatro prémios de interpretação.

Um primeiro sinal foram as vitórias seguidas nos primeiros minutos de Ke Huy Quan como Melhor Ator Secundário (apenas o segundo asiático em 95 anos a ganhar esta categoria, depois de Haing S. Ngor por "Terra Sangrenta" em 1984) e principalmente a de Jamie Lee Curtis como Atriz Secundária, que nem perdeu votos por também estar na corrida a colega do mesmo filme Stephanie Hsu. As duas categorias foram apresentadas pelos vencedores do ano passado, Ariana DeBose e Troy Kotsur.

Com direito à primeira ovação em pé do público de estrelas no Dolby Theatre e sob o olhar orgulhoso de Steven Spielberg, Ke Huy Quan, de origem vietnamita, protagonizou um dos grandes momentos e discursos inspiradores e emotivos da noite: um ator que teve grande sucesso na infância como Short Round em "Indiana Jones e o Templo Perdido" (1984) e Data em "Os Goonies" (1985), mas desanimado com a falta de projetos para atores de origem asiática, esteve duas décadas sem trabalhar à frente das câmaras.

"A minha jornada começou num barco. Passei um ano num campo de refugiados. E de alguma forma, acabei aqui no maior palco de Hollywood. Dizem que histórias como esta só acontecem no cinema. Não consigo acreditar que isto está a acontecer comigo. Este - este é o sonho americano!"”, disse em lágrimas antes de mencionar os nomes de várias pessoas, incluindo Jeff Cohen, amigos desde que fizeram "Os Goonies" e o seu advogado na área do entretenimento.

"Sonhos são algo em que se tem de acreditar. Quase desisti dos meus. Para todos vocês, por favor, mantenham o vosso sonho vivo", apelou.

Ke Huy Quan entre Troy Kotsur e Ariana DeBose

Logo a seguir foi a vez de Jamie Lee Curtis, que nem queria acreditar que tinha ganhado.

"Sei que parece que estou aqui sozinha, mas não estou, sou centenas de pessoas. Sou centenas de pessoas", começou por dizer quando conseguiu acalmar os nervos.

A atriz, que se estreou há 45 anos com "Halloween", não esqueceu as origens: "Para todas as pessoas que apoiaram os filmes de género que fiz durante estes anos, milhares e centenas de milhares de pessoas, acabámos de ganhar um Óscar juntos!”

Já praticamente a não conseguir conter a emoção, olhou para o céu e recordou os pais, os atores Tony Curtis e Janet Leigh: "E para a minha mãe e o meu pai, que foram nomeados ao Óscar em diferentes categorias... acabei de ganhar um Óscar".

Michelle Yeoh e Jamie Lee Curtis, depois dos Óscares

A vitória de Jamie Lee Curtis deixou sem reação outra nomeada, Angela Bassett, de "Black Panther: Wakanda Para Sempre": não foi vista a aplaudir quando foi anunciada a vencedora nem no fim do discurso, e demorou a juntar-se à ovação de pé.

O MOMENTO.

Não se sabe se o público na sala notou essa desilusão que é uma das imagens que fica da noite, mas mais tarde Michael B. Jordan (do primeiro "Black Panther") prestou-lhe homenagem com "Olá, tia" e Jonathan Majors acrescentou "Adoramos-te".

Mais tarde, Michelle Yeoh fez história ao tornar-se a primeira vencedora de Melhor Atriz a identificar-se como sendo de etnia asiática (Joan Fontaine e Olivia de Havilland nasceram em Tóquio, onde o pai era professor, mas sempre foram consideradas norte-americanas de ascendência britânica). Este prémio e o de Melhor Ator foram apresentados por Jessica Chastain e Halle Berry, esta a substituir Will Smith.

“Para todos os meninos e meninas que se parecem comigo esta noite a ver, este é um farol de esperança e possibilidades. Esta é a prova de que os sonhos se tornam realidade. E senhoras, não deixe ninguém dizer que vocês já passaram do vosso auge. Nunca desistam", disse a atriz originária da Malásia, de 60 anos, debaixo de fortes aplausos, que recordou as origens no cinema de Hong Kong e dedicou o prémio à sua mãe e a todas as mãos do mundo ("São as verdadeiras super-heroínas e sem elas, nenhum de nós estaria aqui esta noite").

"Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo" foi um autêntico "papa-Óscares" como não se via desde os oito que ganhou "Quem Quer Ser Bilionário?" na cerimónia de 2009, o que contribuiu para deixar vários filmes com muitas nomeações sem qualquer estatueta: "Os Espíritos de Inisherin" (tinha 9), "Elvis" (8), "Os Fabelmans" (7) e "Tár" (6).

Outro grande vencedor da noite foi "A Oeste Nada de Novo", da Netflix, que tinha recebido nove nomeações da Academia: chegou a ser o título com mais estatuetas durante uma grande parte da noite, acumulando um previsível Óscar de Melhor Filme Internacional com as categorias técnicas de Direção Artística, Fotografia e Banda Sonora.

O único Óscar de interpretação que escapou foi o de Melhor Ator para Brendan Fraser (e não Austin Butler por "Elvis", como apontavam quase todas as previsões da imprensa especializada) por "A Baleia" (também da A24), o terceiro filme a conseguir mais do que uma estatueta, acumulando com o técnico para a Caracterização.

"Então é com isto que se parece o multiverso", foi a primeira frase que disse o ator, quando já se adivinhava quem ganharia Melhor Filme, agradecendo a seguir a Darren Aronofsky por lhe "lançar uma tábua de salvação criativa".

Este é o culminar do "Brendanaissance", o termo cunhado pelos seus fãs nas redes sociais para descrever o "regresso" do antigo galã da década de 1990 após vários problemas de saúde e de natureza pessoal, e a sua afeição por alguém com a reputação de ser uma das estrelas mais simpáticas e acessíveis de Hollywood.

Depois de agradecer a outras pessoas do filme e aos nomeados na sua categoria, Fraser recordou: "Comecei nesta indústria há 30 anos, as coisas não foram fáceis para mim, mas havia uma facilidade que não apreciei na altura, até que acabou. Só tenho a agradecer por este reconhecimento".

Note-se que estas escolhas dos votantes da Academia alinharam a 100% com os prémios do Sindicato dos Atores e mais: todos os vencedores têm mais de 50 anos de idade e ganharam à primeira nomeação, apesar de terem décadas de carreira.

Para Argumento Adaptado, confirmou-se "A Voz das Mulheres", que só tinha duas nomeações: foi um prémio para Sarah Polley, que não foi nomeada para Melhor Realização e era a única cineasta mulher representada na corrida para Melhor Filme.

Em Guarda-Roupa, Ruth E. Carter tornou-se a primeira mulher negra a ganhar dois Óscares, juntando "Black Panther: Wakanda Para Sempre" ao do primeiro "Black Panther" há quatro anos.

Outro momento a fazer história: "Naatu Naatu" como o primeiro Óscar de Melhor Canção para um filme da Índia, o épico "RRR", com o compositor M. M. Keeravani a transformar o seu discurso numa nova "versão" de "Top of the World", dos Carpenters.

Ainda no palmarés mais previsível, "Avatar: O Caminho da Água" ganhou Melhores Efeitos Visuais (tinha quatro nomeações) e "Top Gun: Maverick" o prémio para Melhor Som (seis nomeações).

A Netflix também teve outra alegria esperada logo com o primeiro prémio da noite para "Pinóquio de Guillermo del Toro" como Melhor Longa-Metragem de Animação, uma estreia da plataforma na categoria, onde Guillermo del Toro também se tornou o primeiro cineasta a acumular uma vitória aqui com a de um Melhor Filme ("A Forma da Água").

Jimmy Kimmel fez uma piada certeira após o Óscar para a Montagem sobre como essa arte permitiu transformar as milhares de horas da insurreição de 6 de janeiro de 2021 num "respeitoso passeio turístico pelo Capitólio" (referindo-se à recente manipulação das imagens pelo comentador da Fox News Tucker Carlson), mas um dos raros momentos políticos da cerimónia foi o Óscar de Melhor Documentário para "Navalny", dedicado ao opositor russo Alexei Navalny.

O realizador Daniel Roher, acompanhado pela equipa e pela mulher do dissidente Julia Navalnaya, recordou a condição do prisioneiro que se opõe a Putin e que condena a invasão da Ucrânia, afirmando que "nunca devemos temer fazer frente aos ditadores" e dedicou o prémio a Navalny e "a todos os presos políticos" do mundo.

Já Julia Navalnaya disse que o marido "está preso por defender a democracia e por sonhar a liberdade" e o dia em que a Rússia será livre.

"Ice Merchants": a estatueta não veio para Portugal, mas fica a marca em Hollywood

Realizado por João Gonzalez e produzido por Bruno Caetano, "Ice Merchants" foi ultrapassado pelo favorito na sua categoria, mas fica a marca em Hollywood. Para a história, será sempre o primeiro filme português nomeado para os Óscares nos 95 anos das estatuetas douradas.

"Ice Merchants" não venceu o Óscar mas fez história. Produtor agradece carinho e lembra que "animação portuguesa está de boa saúde"
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Numa categoria com fortes concorrentes, era 01h53 da madrugada em Portugal continental quando o Óscar foi entregue, como se esperava, a “O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo", distribuído pela Apple TV+, com produção executiva de J.J. Abrams e com Gabriel Byrne, Idris Elba e Tom Hollander no elenco das vozes.

A curta da Apple era a previsão de quase todos os analistas durante a temporada de prémios: como recordava a revista The Hollywood Reporter na semana antes da cerimónia, a Apple "gastou uma fortuna" para promover a adaptação do célebre livro do mesmo título de Charlie Mackesy, que realizou o filme com Peter Baynton.

A presença da dupla lusa foi o culminar de um ano muito especial para o cinema português: “O Homem do Lixo”, de Laura Gonçalves, foi a outra curta que chegou ao grupo de 15 finalistas de animação na categoria, e "O Lobo Solitário", de Filipe Melo, integrou o grupo das curtas em imagem real.

Regresso seguro de Jimmy Kimmel como anfitrião numa cerimónia com bom ritmo

Houve várias piadas benignas a vários dos nomeados na sala e chamadas de atenção para nomeações que eram históricas, ou a ausência da cerimónia de Tom Cruise ("Top Gun: Maverick") e James Cameron ("Avatar: O Caminho da Água"), comentando que "os dois tipos que fizeram questão que fossemos à sala de cinema não vieram à sala de cinema [o Dolby Theatre].

Referindo-se especificamente à ausência de Cameron, Kimmel especulou se teria a ver com a sua ausência na corrida para Melhor Realização e aproveitou para brincar com a ausência de mulheres na categoria, quando acrescentou "Como é que a Academia não nomeia o tipo que dirigiu 'Avatar'? O que eles pensam que ele é, uma mulher?"

Mas o que todos estavam à espera ficou para o fim: a referência à chapada de Will Smith a Chris Rock no ano passado.

"Cinco atores irlandeses estão nomeados esta noite, o que significa que as hipóteses de uma luta acabaram de subir", foi a forma como entrou no tema, onde nunca referiu o nome dos dois envolvidos.

"Queremos que se divirtam, se sintam seguros e, mais importante, queremos que eu me sinta seguro", continuou o anfitrião às estrelas que tinha à sua frente.

"Portanto, temos políticas rígidas em funcionamento. Se alguém nesta sala cometer um ato de violência em qualquer momento durante o espetáculo, irá receber o Óscar de Melhor Ator e poderá fazer um discurso de 19 minutos", continuou.

Mas com humor, Kimmel foi ainda mais longe na crítica à reação no ano passado: "Mas, falando a sério, a Academia tem pronta uma equipa de crise no local. Se algo imprevisível ou violento acontecer durante o espetáculo, façam o que fizeram no ano passado, nada. Sentem-se e e não façam absolutamente nada. Talvez até deem um abraço ao agressor".

A seguir, o comediante disse que se alguém não gostar de uma piada e quiser agir, não ia ter a vida facilitada, fazendo referências diretas a vários "amigos" na audiência com capacidade para dar luta, como Michael B. Jordan, Michelle Yeoh, Pedro Pascal ou Andrew Garfield.

O MOMENTO.

TODO O MONÓLOGO.

A seguir, o anfitrião apareceu pouco, mas em momentos estratégicos e mais algumas piadas sobre a bofetada e Matt Damon (com que mantém uma falsa "zanga" há mais de dez anos), numa cerimónia que decorreu a bom ritmo e se notou a experiência de décadas dos produtores Glenn Weiss e Ricky Kirshner, que souberam espalhar estrategicamente os seus trunfos pela longa noite para evitar momentos mortos: as canções.

Os temas menos mediáticos dos filmes "Tell It Like a Woman" e "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo" foram apresentados na primeira hora e mesmo naquela altura, perto do meio da cerimónia, onde tradicionalmente se sente a energia a desvanecer-se, surgiu um dos momentos mais aguardados da noite: a interpretação eletrizante e exuberante de "Naatu Naatu", do épico indiano "RRR", não desiludiu e foi mesmo o que o público na sala e em casa estava a precisar, com mais de 20 dançarinos em palco a acompanhar os artistas Rahul Sipligunj e Kaala Bhairava.

Mais tarde, foi a vez de Lady Gaga (que depois das notícias de quarta-feira à noite de que não ia interpretar a canção de "Top Gun: Maverick" porque não teve tempo para preparar o número musical, acabou por fazer uma aparição "surpresa", conveniente antecipada por fuga de informação algumas horas antes), que se apresentou em palco de forma minimalista (T-shirt e aparentemente pouca maquilhagem), mas nem por isso menos poderosa, incluindo na introdução antes de começar "Hold My Hand": "É profundamente pessoal para mim. Todos nós precisamos uns dos outros. Precisamos de muito amor para andar por esta vida. Às vezes, precisamos de heróis. Há heróis à nossa volta... você pode descobrir que pode ser o seu próprio herói, mesmo que se sinta partido por dentro".

Na marca das duas horas e meia da cerimónia, surgiu a última atuação, uma emotiva Rihanna com "Lift Me Up", de "Black Panther: Wakanda Para Sempre", antes da energia da sala recuperar para os 45 minutos finais com os prémios mais mediáticos.

Com exceção do momento com Angela Bassett (mais tarde vista já recomposta e a sorrir), transpareceu mais calor humano na sala, com aconteceu em 2020, quando venceu "Parasitas", com várias ovações de pé. Os realizadores de "An Irish Goodbye", vencedor de Melhor Curta-Metragem em Imagem Real, até conseguiram que a audiência cantasse os "Parabéns" à jovem estrela James Martin.

John Travolta também se emocionou ao apresentar o segmento "In Memoriam", dedicado aos artistas da indústria que faleceram desde a última cerimónia, que incluía Olivia Newton-John, a sua parceira em "Grease".

Apesar de ter jogado pelo seguro e sem grandes inovações (a maior terá sido na apresentação dos clips dos atores), a cerimónia cumpriu sem dramas e em grande parte o principal objetivo enunciado pelos produtores: tornar o evento televisivo "outra vez sobre os filmes" e "o que amamos nos filmes".

A boa programação das canções, vários discursos inspiradores e momentos de genuína emoção fizeram com que, desta vez, as três horas e 35 minutos da cerimónia não parecessem tão excessivas. Falta saber se as audiências em baixa recuperam...

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