O último filme para os cinemas será "The Movie Critic" ("O Crítico de Cinema", em tradução literal), voltou a dizer Quentin Tarantino numa entrevista ao Deadline. A produção deverá arrancar este outono.

"Chegou a altura. Chegou a altura de sair. Gosto da ideia de sair no auge. Gosto da ideia de dar tudo o que tenho durante 30 anos e depois dizer 'OK, já chega'", disse o realizador no Festival de Cannes.

E acrescentou: "E não gosto de trabalhar em rendimento decrescente. E o que quero dizer que agora é uma boa altura porque... de qualquer maneira, o que é sequer um filme? É só uma coisa que mostram na Apple? Isso seria rendimento decrescente".

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Tarantino mantém que os filmes são para estrearem nos cinemas: "Sempre pensei assim. E eventualmente chegam à televisão. Vimos muitos assim. Provavelmente farei o filme ["The Movie Critic"] com a Sony porque são absolutamente os últimos em Hollywood complemente comprometidos com o lançamento nos cinemas. Não se trata de alimentar a sua plataforma de streaming. [...] Eles avaliam o sucesso pela venda de bilhetes. E pelos filmes entrarem no 'zeitgeist' [espírito do tempo], não apenas por fazer um filme grande e caro e depois colocá-lo na sua plataforma de streaming. Ninguém sabe sequer que está lá".

Para que não existessem dúvidas, o cineasta reforçou que acha que os filmes lançados diretamente em streaming é como se não existissem.

"Não me quero meter com ninguém,mas pelos vistos para a Netflix o Ryan Reynolds ganhou 50 milhões de dólares neste filme e 50 milhões naquele filme e 50 milhões no próximo. Não sei o que são esses filmes. Eu nunca os vi [...] Nunca falei com o Ryan Reynolds, mas o agente dele disse: 'Bem, custou 50 milhões'. Bem, ainda bem para ele que está a ganhar tanto dinheiro. Mas esses filmes não existem no zeitgeist. É quase como se nem existissem", defendeu.

Perante a pergunta se o streaming prejudicou irrefutavelmente o cinema, responde: "Não sou tão negativo quanto a isso. Acho que isso vinha a acontecer e a pandemia acelerou tudo”.

E reconheceu que ,ao abandonar o cinema, está a contribuir para alimentar as plataformas.

"Mas não tenho nada contra a televisão por si só, certo? Não tenho nada contra a televisão, mas toda a gente vê estes programas e são apenas telenovelas. Pode ser muito divertido enquanto se vê, mas, no fim de contas, é tudo uma telenovela. Ficam a conhecer-se umas quantas personagens, sabemos mais ou menos as suas histórias de fundo, e depois vemo-las a discutir ou a fazer isto ou o aquilo. E é só uma telenovela", argumentou.

"É muito envolvente enquanto se vê. Mas quando acaba, três semanas depois de ver o último episódio, geralmente não sinto que seja o mesmo que acontece depois de ver um bom filme. No entanto, enquanto estou a ver, é cativante", conclui sobre o tema.