Quentin Tarantino está no Festival de Cannes esta quinta-feira e revelou novidades sobre o seu próximo projeto para o cinema, "The Movie Critic" ("O Crítico de Cinema", em tradução literal), que já anunciou que será o último filme da sua carreira.

Voltando a desmentir que se trate de Pauline Kael, a crítica da New Yorker", o realizador disse ao Deadline que, afinal, o "crítico de cinema" inspira-se num homem que viveu da década de 1970 e escrevia para... uma revista pornográfica.

Tarantino não quis indicar como se chamava a publicação, mas disse que no seu filme será "The Popstar Pages".

"Ele escrevia sobre filmes de grande público e e era o crítico de segunda linha [da publicação]. Acho que era um crítico muito bom. Era profundamente cínico. As suas críticas eram um cruzamento entre um Howard Stern da fase inicial e o que poderia ter sido o Travis Bickle [a personagem de Robert DeNiro em "Taxi Driver"] se fosse um crítico de cinema. [...] Era muito, muito divertido. Era muito rude. Usava palavrões, termos raciais", contou.

A história vai decorrer em 1977 e o argumento está pronto, depois da pesquisa sobre a vida do crítico, cujos textos leu na adolescência: "Ele escrevia como se tivesse 55, mas estava no início dos seus trintas. Morreu perto dos quarenta. Durante algum tempo não era claro, mas agora fiz alguma pesquisa e acho que foi de problemas com o alcoolismo".

Nenhum ator foi escolhido, mas o realizador reconheceu que ninguém do seu grupo de atores encaixa na idade pretendida e que Leonardo DiCaprio e Brad Pitt, protagonista de "Era uma Vez em... Hollywood, são demasiado velhos para o papel.

"Ainda não decidi, mas vai ser alguém à volta dos 35 anos. Sem dúvida que vai ser um novo protagonista para mim", indicou, antes de dizer que tem "a ideia de alguém que consigo imaginar a fazê-lo muito bem", mas não tem a certeza se lhe deve dar o papel e quer ver outras pessoas quando regressar a Los Angeles no final de junho para começar a pré-produção, com a rodagem prevista para arrancar no outono.

Categoricamente excluída está a possibilidade de escolher um ator britânico para a personagem americana: "A verdade é que sim, obviamente, um britânico poderia fazer isto, mas não quero escolher um britânico".

"Obviamente, nada contra os britânicos, mas estamos a viver uma época agora realmente muito estranha. Acho que quando as pessoas olharem para esta era do cinema e são apenas todos estes atores britânicos a fingir que são americanos, e todos estes atores australianos a fingir que são americanos, é como se fossem fantasmas. Ninguém está a representar com sua própria voz", justificou.

Isso acontece, reconheceu, "porque estamos numa era de atores britânicos muito, muito bons, que, na maioria das vezes, conseguem fazer isso".

E não teve "papas na língua" quanto lhe perguntaram sobre o que é que isso diz dos atores americanos: "Diria que, na sua maioria, os americanos desistiram do seu próprio território. Acho que é apenas uma situação de alguns britânicos se tornarem mais famosos do que os outros. Os americanos cederam o seu próprio terreno. Quando olho para o cinema dos anos 1970, quero ver Robert De Niro, quero ver Al Pacino, quero ver o Stacy Keach. Quero ver pessoas como essas a refletir a cultura perante mim".

"Simplesmente, existe imensos atores britânicos bons e eles são muito bons a fazê-lo", acrescentou.

E clarificou: "Já agora, não estou a ser xenófobo. Os britânicos teriam muito mais problemas se um grupo de atores americanos aparecesse por lá com o seu sotaque de Dick Van Dyke [uma referência ao ator ridicularizado pelo sotaque usado em "Mary Poppins"] a interpretar britânicos famosos. Eles não querem ver essa treta".

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