Falando como convidado da «Avenida de Poemas», uma tertúlia dedicada à poesia que mensalmente se realiza no Teatro Tivoli, em Lisboa,
Francisco José Viegas manifestou ainda o desejo de «um diálogo tão claro e transparente que seja possível diminuir o grau de ressentimento que nos últimos 10 ou 20 anos tem acompanhado a relação dos agentes culturais com o Estado».

«Neste momento, vamos usar um eufemismo,» devido aos constrangimentos orçamentais e às ameaças de corte aqui e ali, é natural que todos estejam um bocadinho nervosos, nós próprios estamos, porque temos de lidar com limitações muito sérias e algumas são injustas. O que é certo é que não podemos cortar com aquilo que é essencial. Posso dar um exemplo: não se abriram ainda concursos para apoio ao cinema, mas vão abrir-se», garantiu.

No início do mês, fonte oficial da tutela explicou à agência Lusa que «do ponto de vista de uma boa gestão de dinheiros públicos, o Instituto do Cinema e do Audiovisual não está em condições, de momento, de abrir novos concursos em 2012».

«Nós não podemos abrir concursos quando não temos o dinheiro na mão. O grande problema dos últimos anos é que se assumiram responsabilidades sérias e compromissos com os agentes culturais não tendo dinheiro na mão, ou seja, não tendo garantido o dinheiro necessário para essas operações. E o que acontece, passados alguns meses ou um ano ou dois anos, é que esse dinheiro ainda não chegou», explicou na segunda-feira o secretário de Estado.

Isso «é dramático, temos assistido a situações dramáticas, e é isso que nós queremos evitar. Portanto, obviamente que vai haver concursos este ano, obviamente que isso vai acontecer, tem de acontecer, necessariamente, a questão é que não temos ainda esse dinheiro na mão e não vamos prometer nada que não possamos exatamente cumprir», sublinhou o responsável.

Associada a esta questão dos concursos de apoio à produção de cinema está a nova legislação para o setor.

A proposta de lei do governo está concluída e entrará em discussão pública em fevereiro, assim como a regulamentação a ela associada.

Todo o setor está dependente da aprovação do diploma porque interfere com modelos de financiamento, atribuição de subsídios e funcionamento de organismos e mecanismos da tutela.

@Lusa