A revista americana Variety assumiu o que considera a sua parte de culpa na falta de diversidade em Hollywood: "Deveríamos sentir vergonha!", intitulou referência da indústria cinematográfica no seu último número.

"Em 2015, a longa luta pelos direitos civis nos EUA concentrou-se na violência policial. Quando tantos tiros mataram negros desarmados, o povo americano explodiu de indignação", publicou a revista.

"Este ano, a batalha nacional pela identidade e a inclusão encontrou um novo foco: Hollywood", acrescentou.

A polémica estoirou em Hollywood após a revelação dos nomeados para os Óscares, quando, pelo segundo ano consecutivo, não apareceu nenhum candidato negro nas principais categorias.

A polémica foi tal que, numa mudança considerada histórica, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas americana decidiu mudar várias normas internas para favorecer a inclusão de mulheres e minorias étnicas.

"Mas a culpa não é apenas dos Óscares (...), mas de nós mesmos. A hierarquia dos estúdios de Hollywood continua a ser um clube exclusivo, dirigido por homens brancos e uma mulher branca. As agências de grandes talentos quase não têm sócios que pertençam às minorias. E os meios encarregues de cobrir o setor - inclusivamente a Variety - empregam poucas pessoas que não sejam brancas", prosseguiu a respeitada revista no seu 'mea culpa'.

Várias grandes organizações que defendem os direitos das minorias pediram esta terça-feira uma reunião com os responsáveis da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, bem como com outros dirigentes da indústria cinematográfica.

"A falta de diversidade na indústria do entretenimento é um problema complexo sem solução simples. Estamos convencidos de que o problema não se limita à nomeação para os prémios", destacou o comunicado.

Mas os "nomeados para prémios transformam-se em sucessos de bilheteira" e os sucessos comerciais, por sua vez, determinam que tipo de filmes conseguem financiamento, analisaram as organizações.

"Se a Academia não conseguir romper este círculo vicioso, corre o risco de se tornar irrelevante", concluiu o comunicado.