Centrado no universo da prostituição masculina, "Sauvage" narra o dia-a-dia de um jovem de 22 anos (vivido por Félix Maritaud, que entrava em “120 Batimentos por Minuto”) que, apesar de viver neste ramo, consegue manter uma perspetiva sentimental da vida. Neste sentido, a proposta de Camille Vidal-Naquet passa pela não demonização deste universo – na medida em que o trata como algo passível de ser suportado com alguma leveza. No caso do seu protagonista, ele até manifesta numa discussão que não tem grande ambição de mudar de vida.

Segundo o realizador, que conviveu neste universo ao longo dos anos, o objetivo foi humanizar as figuras vulgarmente referidos como “prostitutos”. “São seres humanos”, conforme estabeleceu em Cannes ao "site" Seventh Row – onde também explicou a razão de muitos momentos explícitos do filme não terem um caráter “voyeur”.

Ainda conforme o cineasta, a abordagem do tipo de vida do personagem principal, que tem um amor não-correspondido por outro homem do mesmo meio, está na origem da própria estrutura do filme: "Queria um personagem que passasse pelas situações sem ser realmente afetadas por elas. Imaginei-o muito marginalizado – alguém que vive acima das regras e sem se preocupar com a vida material na sua busca por amor”.

No final das contas, na busca de afeto do protagonista e os seus múltiplos encontros/programas, Vidal-Naquet acaba por pintar um retrato da solidão e da carência afeita nas sociedades contemporâneas.

"Sauvage" é exibido este sábado, 15 de setembro, às 22h00.