Cheia de dívidas e com dezenas de ações judiciais, a The Weinstein Company (TWC), produtora fundada por Harvey Weinstein e o seu irmão, Robert, avançou com a declaração de falência na segunda-feira à noite no estado de Delaware.

A produtora solicitou a proteção do Capítulo 11, que a coloca a salvo dos credores e facilita a sua venda parcial a um fundo de capital de risco, a Lantern Capital Partners.

Aquela que já foi uma poderosa produtora de cinema independente com 300 nomeações para os Óscares e 81 estatuetas, incluindo para "O Discurso do Rei" e "O Artista", bem como de sucessos comerciais como "Django Libertado", terá, segundo os documentos apresentados, ativos entre os 500 e os mil milhões de dólares [405 e 810 milhões de euros], tal como o seu passivo.

A Weinstein Company desabou desde que começaram a vir à tona, em outubro, as denúncias de assédio sexual, abuso e até mesmo violação feitas por mais de uma centena de mulheres contra o produtor Harvey Weinstein,

"Embora esperássemos alcançar um acordo de venda fora dos tribunais, o conselho de administração conta com um plano para maximizar o valor dos ativos da companhia, conservando o maior número de empregos possível e procurando justiça para as vítimas", declarou em comunicado o presidente Bob Weinstein, irmão de Harvey Weinstein.

A Weinstein Company deixará ainda sem efeito as cláusulas de confidencialidade que estavam nos acordos que impediam as vítimas e testemunhas de falar sobre os alegados abusos de Harvey Weinstein, o que o procurador geral de Nova Iorque, Eric T. Schneiderman, considerou que "finalmente permitirá às vozes que há muito têm estado amordaçadas serem ouvidas — algo que o meu gabinete tem procurado desde o início".

Em fevereiro, Shneiderman tinha avançado com um processo contra a produtora por não ter os empregados da conduta do produtor.

Antes, a produtora tentou vender os ativos a um grupo de investidores liderado pelo milionário Ron Burkle e Maria Contreras-Sweet, que dirigiu a Secretaria de Pequenas e Médias Empresas no governo de Barack Obama. A compra tinha sido negociada pelo montante de 500 milhões de dólares, mas o acordo que permitiria um recomeço e uma liderança de mulheres caiu há duas semanas quando os investidores descobriram um passivo de 64 milhões de dólares que não tinha sido revelado antes.

Em resposta, a Weinstein Company disse que o grupo nunca teve intenções sérias de avançar com a compra.