As nomeações para os Óscares são anunciadas esta terça-feira e o SAPO Mag vai acompanhar ao minuto a partir das 13h18 (hora de Portugal continental) a emissão apresentada  pela atriz Tracee Ellis Ross ("black-ish", "A Nota Perfeita") e pelo ator e comediante Leslie Jordan ("Will & Grace", "As Serviçais").

A cerimónia está confirmada para a casa "tradicional" do Dolby Theatre a 27 de março, uma data que foi determinada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas no final de maio do ano passado para substituir 27 de fevereiro e que parecia dar tempo mais do que suficiente para a indústria recuperar do maior impacto da pandemia.

ÓSCARES 2022

  • Adiada em maio do ano passado por causa do impacto da pandemia na indústria, a 94.ª cerimónia realiza-se a 27 de março e não a 27 de fevereiro.
  • A cerimónia regressa à casa "tradicional" do Dolby Theatre, mas o formato ainda não é conhecido.
  • Após três anos de ausência, haverá (pelo menos) um anfitrião.
  • A elegibilidade engloba os filmes lançados entre 1 de março e 31 de dezembro de 2021.
  • A cerimónia anual dos Governors Awards marcada para 15 de janeiro foi adiada. Estão por entregar Óscares honorários aos atores Samuel L. Jackson e Liv Ullman, e à cineasta Elaine May, além do Prémio Humanitário Jean Hersholt ao ator Danny Glover.

A realidade é muito diferente e 2021 foi outro ano estranho: desde a última cerimónia a 25 de abril, os cinemas não voltaram a fechar completamente nos EUA e noutros países, mas muitos espectadores não regressaram, deixando um rasto de desilusão nas bilheteiras para a grande maioria dos filmes que vão ser nomeados para as estatuetas douradas. Sempre a analisarem a evolução epidemiológica com especialistas, realmente os estúdios lançaram mais filmes para o grande ecrã do que em 2020, mas também os fizeram chegar mais rapidamente às plataformas de streaming.

Pior: em vez do esperado regresso a uma semi-normalidade e o fim do distanciamento social, a variante Ómicron dizimou a temporada de prémios, com festivais e cerimónias a serem outra vez cancelados, adiados ou a passarem para o pesadelo do formato virtual.

Para carregar nos tons negros, os Globos de Ouro, tradicionalmente uma das maiores festas de Hollywood e barómetros da temporada, mantiveram a data de 9 de janeiro, anunciando os prémios num evento privado sem passadeira vermelha nem cobertura televisiva depois do boicote de estrelas, estúdios e televisões por causa das acusações de corrupção e falta de diversidade.

Apesar dos prémios das associações de críticos e as nomeações dos sindicatos profissionais de Hollywood, falta à temporada o "buzz" das bilheteiras, das conversas em pessoa dos jornalistas com os profissionais da indústria nas sessões de filmes, cerimónias, festivais e festas, para perceber o que os votantes estão a ver e quais são as "tendências". Por isso, as nomeações poderão trazer muitas surpresas.

Nestas circunstâncias, os Óscares voltarão a ser dominadas por filmes lançados nos cinemas que a maioria dos espectadores só viu (se viu) em casa e os produzidos pelas plataformas de streaming... a não ser que entre na corrida "Homem-Aranha: Sem Volta a Casa": com 1,77 mil milhões de dólares de receitas mundiais, é o maior sucesso da era da pandemia e o sexto maior da história do cinema (sem contar com a inflação), devolvendo o entusiasmo aos cinemas.

Se a campanha tardia da Marvel e da Sony não conseguir votos suficientes entre os mais de 9400 votantes, espera-se que "Dune - Duna" seja o maior sucesso de bilheteira entre todos os candidatos a Melhor Filme (400 milhões de dólares globais) e, graças às categorias técnicas, o mais nomeado: destaca-se claramente nas escolhas dos vários sindicatos profissionais de Hollywood para os melhores do ano (que engloba apenas os lançamentos entre 1 de março e 31 de dezembro de 2021).

OS FILMES FAVORITOS DA TEMPORADA

Além do épico de Denis Villeneuve (Warner Bros.), os estúdios tradicionais deverão conseguir entrar na corrida com "West Side Story", de Steven Spielberg (20th Century Studios); "Belfast", de Kenneth Branagh (Focus Features); "Licorice Pizza", de Paul Thomas Anderson (Focus Features); e "King Richard: Para Além do Jogo", de Reinaldo Marcus Green (Warner Bros.).

As plataformas de streaming estarão representadas seguramente por "O Poder do Cão", de Jane Campion, da Netflix, que provavelmente também conseguirá a nomeação para "Não Olhem Para Cima", de Adam McKay. A outra candidatura quase garantida será a de "CODA - No Ritmo do Coração", de Siân Heder (Apple TV+).

No ano em que o Óscar de Melhor Filme regressa aos dez nomeados fixos, há vários candidatos para as duas vagas que aparentemente sobram: além do último "Homem-Aranha", espreitam "Nightmare Alley", "tick, tick…BOOM!", "Os Ricardos", "A Filha Perdida", "A Tragédia de Macbeth" e até "Casa Gucci", o espanhol "Mães Paralelas" e o japonês "Drive my Car".

Atores e realizadores: poucas vagas para tantas candidaturas

Como é tradicional, existe muito mais incerteza no anúncio das nomeações para nas quatro categorias dos atores e para Melhor Realização por existirem apenas cinco vagas disponíveis.

Entre os atores, cerca de 12 parecem ter lugar assegurado nas 20 vagas disponíveis.

Para Melhor Ator, as apostas seguras são Will Smith ("King Richard"), Benedict Cumberbatch ("O Poder do Cão") e Andrew Garfield ("tick, tick... BOOM!"), o que significa que sobram duas vagas que parecem ser mais disputadas por Denzel Washington ("A Tragédia de Macbeth"), Javier Bardem ("Os Ricardos"), Peter Dinklage ("Cyrano"), Leonardo DiCaprio ("Não Olhem para Cima"), Nicolas Cage ("Pig"), Mahershala Ali ("Swan Song"), Cooper Hoffman ("Licorice Pizza"), Jude Hill ("Belfast") e Simon Rex ("Red Rocket").

Nicole Kidman ("Os Ricardos"), Lady Gaga ("Casa Gucci") e Olivia Colman ("A Filha Perdida") estarão certamente na corrida para Melhor Atriz, partindo na frente para as outras duas nomeações Jessica Chastain ("Os Olhos de Tammy Faye"), Jennifer Hudson ("Respect"), Kristen Stewart ("Spencer"), Penélope Cruz ("Mães Paralelas") e talvez Alana Haim (“Licorice Pizza”), Rachel Zegler ("West Side Story") ou Emilia Jones ("CODA - No Ritmo do Coração").

OS ATORES FAVORITOS DA TEMPORADA

Nas atrizes secundárias, existe um quarteto praticamente inexpugnável formado por Ariana DeBose ("West Side Story"), Aunjanue Ellis ("King Richard"), Caitriona Balfe ("Belfast") e Kirsten Dunst ("O Poder do Cão"), deixando apenas uma vaga para Cate Blanchett ("Nightmare Alley"), Jessie Buckley ("A Filha Perdida"), Ruth Negga ("Passing"), Ann Dowd ("Mass") ou Rita Moreno ("West Side Story").

A categoria mais incerta para fazer antecipações é a de Ator Secundário: Kodi Smit-McPhee ("O Poder do Cão") e Troy Kotsur ("CODA - No Ritmo do Coração") parecem apostas seguras, mas a seguir as previsões dividem-se muito entre Ciarán Hinds e Jamie Dornan ("Belfast"), Bradley Cooper ("Licorice Pizza"), Jared Leto ("Casa Gucci"), J.K. Simmons ("Os Ricardos"), Jesse Plemons ("O Poder do Cão"), Mike Faist ("West Side Story") e Ben Affleck ("The Tender Bar").

Pelo trabalho atrás das câmaras e apenas um ano após a histórica dupla nomeação de Emerald Fennell ("Uma Miúda com Potencial") e da eventual vencedora Chloé Zhao ("Nomadland"), a aposta mais segura será a presença de mais uma mulher, Jane Campion ("O Poder do Cão"), que também é a grande favorita para ganhar a estatueta.

Jane Campion com Benedict Cumberbatch

As outras candidaturas consensuais são as de Denis Villeneuve ("Dune"), Kenneth Branagh ("Belfast"), Paul Thomas Anderson ("Licorice Pizza") e Steven Spielberg ("West Side Story"), mas há quem aposte que o último pode estar fragilizado pelo fracasso do filme e, graças ao cada vez mais influente núcleo de votantes internacionais da Academia, ser ultrapassado por Ryûsuke Hamaguchi ("Drive My Car"), Adam McKay ("Não Olhem Para Cima"), Pedro Almodóvar ("Mães Paralelas") ou Guillermo del Toro ("Nightmare Alley").

Filmes internacionais e animações

Ainda não foi desta: "A Metamorfose dos Pássaros" falhou a lista de 15 finalistas para Melhor Filme Internacional anunciada a 21 de dezembro e Portugal aumenta para 38 o recorde negativo do país com mais candidaturas submetidas sem chegar às nomeações.

A categoria deverá contar com as presenças de "Drive My Car", de Ryûsuke Hamaguchi (Japão); "A Mão de Deus", de Paolo Sorrentino (Itália) e "Um Herói", de Asghar Farhadi (Irão).

A seguir, as apostas consensuais são "A Pior Pessoa do Mundo", de Joachim Trier (Noruega) e "Flee - A Fuga", de Jonas Poher Rasmussen (Dinamarca), principalmente o segundo, com possibilidades credíveis de ser nomeado ainda para Melhor Filme de Animação e Melhor Documentário.

Seja como for, a categoria costuma ter surpresas, pelo que atenção aos outros finalistas, por esta ordem: "Compartimento Nº6", de Juho Kuosmanen (Finlândia); "Great Freedom", de Sebastian Meise (Áustria); "Cordeiro", de Valdimar Jóhannsson (Islândia); "Hive", de Blerta Basholli (Kosovo); "I'm Your Man", de Maria Schrader (Alemanha); "Noite de Fogo", de Tatiana Huezo (México); "Un Monde", de Laura Wandel (Bélgica); "Lunana: A Yak in the Classroom", de Pawo Choyning Dorji (Butão); "O Bom Patrão", de Fernando León de Aranoa (Espanha); e "Plaza Catedral", de Abner Benaim (Panamá).

Para Melhor Longa-Metragem de Animação não faltarão certamente "Encanto" e "Raya e o Último Dragão" (Walt Disney), "Luca" (Pixar) e "Os Mitchell Contra as Máquinas" (Netflix).

A maior dúvida nesta categoria parece ser se o 'indie' (e estrangeiro) "Flee - A Fuga" consegue ultrapassar o peso-pesado "Cantar! 2" para a quinta nomeação, onde também espreitam "Belle" ou "Ron Dá Erro".