Será possível que, à beira de festejar o aniversário dos 60 anos, Nicolas Cage esteja mesma a pensar na reforma artística?

Com uma das carreiras mais ecléticas e intensas de Hollywood desde a década de 1980, com muitos altos e baixos, o ator fez a surpreendente revelação de que vê o fim da carreira muito mais perto do que os seus fãs poderiam pensar.

"Posso ter mais três ou quatro filmes dentro de mim", assumiu numa entrevista à revista Vanity Fair o vencedor do Óscar por "Morrer em Las Vegas" (1995).

E acrescentou: "Sinto que disse o que tinha a dizer com o cinema. Acho que levei a representação no cinema o mais longe que pude... quero ser muito mais restrito e rigoroso no meu processo de seleção... quero dizer adeus num patamar de qualidade elevado".

Apenas há dois anos, Cage rejeitava completamente a reforma, dizendo que uma das muitas razões para querer continuar a trabalhar era por ter uma estrutura algo "auto-destrutiva" quando estava sem nada para fazer.

"Não, não, não. Não, não. Isso não pode acontecer. Fazer o que faço no cinema tem sido como um anjo de guarda para mim e preciso disso. Sou mais saudável quando estou a trabalhar. Preciso de um lugar positivo para exprimir a minha experiência de vida e o cinema deu-me isso. Portanto, nunca me vou reformar", garantia à revista Entertainment Weekly.

A mudança pode ser o resultado de uma reflexão: o ator acrescenta na nova entrevista que o pai morreu aos 75 anos e calcula que pode só ter mais 15 de vida ("espero que mais").

"O que quero fazer com estes 15 anos, usando o meu pai como referência? Ocorreu-me muito claramente que quero passar mais tempo com a minha família… estou a começar a consolidar o meu plano", explicou.

Excluindo participações simbólicas e créditos como produtor, Cage já fez mais de 100 filmes desde 1981, a maioria como protagonista desde que se tornou conhecido do grande público com "A Rapariga de Los Angeles" (1983).

Segundo várias notícias e apesar de divergirem os valores, o ator por volta de 2014 tinha estourado a sua fortuna numa vida extravagante (talvez 150 milhões de dólares) e estava com uma conta gigantesca para pagar em impostos (6,3 ou 14 milhões).

A partir daí, começou a acumular créditos como estrela dos filmes produzidos diretamente para "video-on-demand", que culminaram com seis em 2019. Aliás, mesmo antes de terem vindo a público as suas dívidas, o ritmo de trabalho já era intenso: foram 50 filmes entre 2009 e 2021.

Saldadas as dívidas em 2020, a carreira renasceu a partir de 2021 graças a vários filmes muito elogiados.

Em várias entrevistas, o ator tem procurado corrigir uma perceção que se formou sobre a fase intensa com filmes que muitos fãs e colegas acharam não serem dignos do vencedor de um Óscar: nunca aceitou um projeto em que não acreditasse.

"Quando estava a fazer quatro filmes por ano, uns a seguir aos outros, ainda tinha de encontrar algo neles para conseguir dar tudo. Nem todos resultaram. Alguns deles foram incríveis, como 'Mandy', mas alguns deles não resultaram. Mas nunca estive em piloto automático. Portanto, se houve um equívoco, foi esse. Que estava apenas a trabalhar e não queria saber. Eu importava-me", garantiu numa entrevista à revista GQ.

Já este ano, revelou ao apresentador Stephen Colbert que o seu filme preferido na longa carreira era "Pig - A Viagem de Rob" (2021) e destacou ainda "Mandy" (2018), "Por Um Fio" (1999), "Polícia sem Lei" (2009) e "Joe" (2013).