No futuro, a Netflix terá filmes maiores, do género de "Aviso Vermelho", "Não Olhem Para Cima" e "O Projeto Adam", e apostará na aumento da qualidade e na redução da quantidade.

A enfrentar um decréscimo de número de subscritores (menos 200 mil no primeiro trimestre e outro corte de dois milhões previsto para o segundo), a concorrência cada vez mais forte (principalmente das plataformas do grupo Disney) e uma desvalorização de 40% da cotação das suas ações em bolsa, a empresa não vai reagir apenas com a introdução de publicidade ou o combate à prática da partilha de contas.

A revista The Hollywood Reporter falou com várias fontes, de executivos a produtores e agentes com ligações à Netflix, e o que mais se destaca para o futuro é a mudança da sua estratégia de negócio para os filmes.

Foram despedidos mais de 150 funcionários (2% do total), que afetaram TV e outros departamentos, mas o foco principal foi a área de cinema, com cortes maiores na divisão de filmes "familiares" de ação, mas também houve uma "limpeza" na dos filmes independentes, com orçamentos abaixo dos 30 milhões de dólares.

O novo regime da plataforma será presidido pela noção de "disciplina" e a maior vítima deverá ser o cinema de autor: não haverá regra sem exceção, mas estão a chegar ao fim os dias dos produções de nicho de mercado que custam uma fortuna, como os 175 milhões de dólares que pagou para ter "O Irlandês", de Martin Scorsese ("Essa tendência de fazer tudo para atrair os talentos e dar-lhes carta branca está a desaparecer", avisou uma das fontes da revista).

"O Irlandês"

Mas o que significa "maiores, melhores, menos"? Ainda não é claro tanto para quem está dentro como fora da Netflix.

"Os filmes mais pequenos não vão desaparecer", disse uma fonte, mas podem tornar-se mais nicho e para um público específico e conhecedor.

Apesar da empresa de Reed Hastings e Ted Sarandos destacar os casos de sucesso de "Aviso Vermelho", "Não Olhem Para Cima" e "O Projeto Adam", filmes "maiores" não tem necessariamente a ver com grandes orçamentos: o que se espera é uma mudança mais "subtil".

Em vez de fazer dois filmes por dez milhões de dólares, a Netflix fará um por 20 milhões: "O objetivo será fazer a melhor versão de algo em vez de mais barato por causa da quantidade", disse outra fonte.

A animação também está sob escrutínio, com a Netflix a cortar a direito em projetos que estavam em dúvida para avançar ou não.

A regularidade de lançamentos também vai diminuir, ainda que o objetivo seja cumprir o lema de "um novo filme todas as semanas".