A 6 de julho de 1994, "Forrest Gump" estreou nos cinemas norte-americanos e ficou em primeiro lugar nas bilheteiras nesse fim de semana, batendo por 25 mil dólares o anterior campeão, "O Rei Leão".

Foi pelos primeiros lugares que se manteve todo o verão e quando finalmente saiu da última sala de cinema, no fim de abril de 1995, era um gigantesco fenómeno de bilheteira (o quarto mais rentável por aquela altura no país, apenas atrás de "ET", o primeiro "Star Wars" e "Parque Jurássico"), ganhara seis Óscares, incluindo o de Melhor Filme, e entrara no "zeitgeist".

O filme foi um sucesso em todo o mundo, mas representou algo mais profundo nos EUA, onde se estima que tenham sido vendidos 78,5 milhões de bilhetes, o equivalente a quase um terço da população na época.

Na altura, causou muito impacto, mesmo emocional, ver Tom Hanks, no papel da sua vida, a "contracenar" com figuras históricas, do presidente John Kennedy ao cantor John Lennon, confirmando uma rápida e impressionante evolução dos efeitos especiais.

Mas a popularidade que o filme de Robert Zemeckis mantém após 25 anos explica-se de outra forma: continua a ser o impacto emocional da história que Forrest vai contando às pessoas que se sentam ao seu lado à espera numa paragem de autocarro, depois de guardar num livro a pena que cai aos seus pés.

A tal história que mostra que "a vida é como uma caixa de chocolates, nunca se sabe o que se vai encontrar".

Através dela descobrimos um inocente que percebe com o coração o que o seu QI limitado não deixa saber e atravessa um tempo, entre o início dos anos 50 e o fim dos 70, em que a América começa precisamente a perder a sua inocência. A que ele chega, literalmente, a atravessar de uma ponta à outra, inspirando aqueles que encontra pelo caminho.

Nos EUA, "Forrest Gump" chegou no momento certo por causa da nostalgia que já existia à volta desse período histórico entre os "baby boomers" nascidos após a Segunda Guerra Mundial, reforçada por uma banda sonora com as suas canções preferidas.

Além disso, Gump supera as desvantagens (físicas e intelectuais) e torna-se estrela de futebol, herói da Guerra do Vietname, empresário de sucesso e sensação no "ping-pong", atravessando acontecimentos históricos sem por eles ser afetado: é a história iminentemente americana do "underdog".

Claro que as opiniões se dividiram entre os viram uma fábula mágica e um simplismo (histórico e cultural) e mesmo conservadorismo "à Disney" desfasados no tempo que detestaram.

Nesta contradição "Forrest Gump" torna-se, acima de tudo, um hino à mitologia da América. E, para os seus (muitos) fãs, permanece uma história de afirmação de vida e das virtudes que se encontram nas coisas mais simples...

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