O Festival de Cinema de San Sebastian começa hoje no norte de Espanha e conta com a produção luso-francesa "O caderno negro", de Valeria Sarmiento, na competição oficial.

O filme da realizadora chilena, produzido por Paulo Branco, é inspirado na obra "Livro Negro de Padre Dinis", de Camilo Castelo Branco, com argumento de Carlos Saboga e elenco francês e português. A 11 de outubro, estreia-se nos cinemas portugueses.

Com coprodução minoritária portuguesa, na seleção oficial está também a produção espanhola "Tempo depois", do realizador José Luis Cuerda.

Na programação paralela, o filme "Onde o verão vai (episódios da juventude"), de David Pinheiro Vicente, será exibido no encontro internacional de estudantes de cinema Nest Film Students.

O encontro contará com cerca de 300 filmes de escola de 41 países, entre os quais a curta-metragem de David Pinheiro Vicente, que resulta do projeto final de vários alunos do curso de cinema da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa.

Serão 18 filmes a concorrer à Concha de Ouro, o prémio máximo deste festival, que se define como "o menor dos grandes", depois de Berlim, Cannes e Veneza. Outros 12 filmes competirão na seção Horizontes Latinos, dedicada ao cinema latino-americano.

As temáticas dos títulos em competição serão diversas: um enredo amoroso em "L'homme fidèle", do francês Louis Garrel; a luta contra os narcotraficantes filipinos em "Alpha, the right to kill", de Brillante Mendoza; a história do dançarino cubano Carlos Acosta em "Yuli", da espanhola Icíar Bollaín; e a vida provinciana na Argentina na nova longa-metragem de Benjamín Naishtat, "Rojo".

Uma programação que vai "em diferentes direções para mostrar o que está a acontecer no mundo do cinema", comentou recentemente o diretor do festival, José Luis Rebordinos.

Esperam-se 175.000 espectadores ao longo dos nove dias em San Sebastián, que na sua 66ª edição terá na passadeira vermelha as atrizes francesas Juliette Binoche e Laetitia Casta, o ator canadiano Ryan Gosling e o britânico Robert Pattinson.

Pelo segundo ano, haverá produções distribuídas na plataforma Netflix, uma opção que ainda é tabu em Cannes, e será apresentada uma série, a espanhola "Gigantes", sobre uma família de narcotraficantes.

No domingo, a direção do festival de San Sebastian vai assinar a Carta Pela Paridade e pela Inclusão das Mulheres no Cinema, um compromisso internacional para promover a igualdade de género no meio cinematográfico, o que acaba por chamar a atenção para o facto de que apenas cinco das 18 produções na competição oficial foram dirigidas por mulheres.

A Carta Pela Paridade é uma iniciativa do coletivo 50/50x2020, lançada oficialmente em maio no Festival de Cinema de Cannes com o objetivo de sensibilizar a opinião pública, mas sobretudo os decisores e agentes da indústria cinematográfica, para a falta de diversidade de género e para as disparidades sociais e laborais, entre homens e mulheres.

O encontro na cidade basca começará com um dos rostos mais famosos deste festival: o do ator argentino Ricardo Darín, protagonista do filme "El amor menos pensado", uma reflexão sobre o amor e o casamento dirigida pelo seu compatriota Juan Vera.

A 66.ª edição do Festival de San Sebastián decorrerá até ao dia 29 e vai homenagear o realizador japonês Hirokazu Kore-eda, o primeiro cineasta asiático a receber o prémio honorífico Donostia, e o ator e realizador norte-americano Danny DeVito, com um prémio de carreira, acontecendo o mesmo com a atriz britânica Judi Dench.