O conflito entre Israel e Palestina, os Khmers Vermelhos no Cambodja, os talibã no Afeganistão, a guerra na ex-Jugoslávia: o Festival de Cinema de Animação de Annecy (leste da França), referência mundial nesta área, começa segunda-feira (11) para sua 42ª edição.
Durante seis dias, mais de 500 filmes serão exibidos nas margens do Lago Haute-Savoie, incluindo mais de 200 em seleção oficial.
"Sentimos o peso atual do mundo, da atualidade que se intromete nos filmes, e uma vontade dos realizadores de tomar uma posição, ou pelo menos indicar um ponto de vista sobre o estado do mundo em que se vive", explica à AFP Marcel Jean, delegado artístico do festival.
Entre os 10 filmes em competição, vários abordam questões atuais ou históricas, como o documentário canadiano de Cam Christiansen "Wall", baseado num argumento do dramaturgo britânico David Hare, sobre o muro que separa Israel e Palestina.
"Funan", do francês Denis Do, conta a história de uma jovem mulher durante o regime dos Khmers Vermelhos, enquanto "Parvana", da irlandesa Nora Twomey, mostra a vida de uma menina sob o regime Talibã (1996-2001) que se disfarça de menino para sustentar a sua família.
Fora de competição, "The Tower", do norueguês Mats Grorud, evoca os 70 anos de conflito israelita-palestiniano pela história de uma menina que vive num campo de refugiados, e "Chris The Swiss", um documentário já apresentado na Semana da Crítica no Festival de Cannes, segue os passos de um jornalista assassinado durante o conflito na ex-Jugoslávia.
Quanto a "Un homme est mort", do francês Olivier Cossu, adaptação da história em quadrinhos homónima de Kris e Étienne Davodeau, conta a violência que ocorreu em 1950 em Brest (oeste da França) durante uma manifestação de trabalhadores em greve.
O festival abre segunda-feira à noite com a exibição de "Dilili in Paris", o novo filme, ambientado na Paris da Belle Epoque, de Michel Ocelot, de 74 anos, pai de "Kirikou" e papa da animação francesa.
O filme de Ocelot será precedido pela exibição simbólica de "Have a nice day", do chinês Liu Jian, que teve que ser desprogramado em Annecy no ano passado após as autoridades chinesas proibirem o lançamento do filme. Exibido na competição em Berlim em 2017, mostra uma China urbana atormentada pelos excessos do capitalismo e pela obsessão pelo dinheiro.
Em plena onda #MeToo, as mulheres também estarão em destaque com a organização na segunda-feira do segundo Encontro Internacional de Mulheres na Animação.
A associação Women in Animation, que co-organiza estes Encontros, também receberá o Prêmio do Mercado Internacional de Animação de Annecy (MIFA).
O maior encontro do mundo dedicado a profissionais do setor receberá 70 países, incluindo vários recém-chegados, como Camarões, Bolívia e Suíça.
Como de costume, o festival também dará espaço importante aos grandes estúdios com "The Incredibles 2" da Disney-Pixar.
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