O estúdio Lionsgate cancelou o evento da passadeira vermelha do novo filme de Liam Neeson.

A antestreia de "Vingança Perfeita" manteve-se na terça-feira à noite, mas sem o glamour previsto, por causa da entrevista divulgada na segunda-feira em que o ator revelou que há muitos anos vagueou pelas ruas com uma arma na esperança de encontrar um "sacana negro".

Fontes do estúdio disseram que a passadeira vermelha não seria apropriada por causa destas circunstâncias.

Esta terça-feira, o ator insistiu que "não é racista" no programa "Good Morning America" da ABC, embora tenha admitido que há cerca de 40 anos sentiu uma "necessidade primária de atacar" depois de ouvir uma amiga próxima dizer que tinha sido violada por um homem negro.

"Fui deliberadamente a zonas negras da cidade procurando ser atacado", disse o ator, de 66 anos, que se tornou uma estrela com "A Lista de Schindler", recordando que várias vezes foi a esses lugares com um bastão, na esperança de que uma pessoa negra quisesse arranjar confusão.

"Na esperança – e tenho vergonha de o admitir – que um ‘sacana de um negro’ saísse de um bar e se metesse comigo por uma razão qualquer, percebe? Só para que pudesse matá-lo", disse ao jornal  The Independent no início desta semana.

"Foi horrível, horrível quando penso no que fiz. E nunca admiti isso", acrescentou.

No fim das contas não ocorreu nenhum facto violento e Neeson acrescentou: "Marcou-me e magoou-me... procurei ajuda, fui ver um padre".

Ao insistir que não é racista, o ator disse que a sua reação ressalta a necessidade de um debate mais amplo na sociedade sobre a condição de raça.

"Se ela tivesse dito um irlandês, um escocês, um britânico ou um lituano, teria tido - sei que teria tido - a mesma reação. Estava tentando ter honra, defender a minha querida amiga de uma forma terrivelmente medieval", disse o ator, que é da Irlanda do Norte.