Quando a Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood e o canal NBC anunciaram a 11 de janeiro de 2020 que Tina Fey e Amy Poehler sucederiam a Ricky Gervais como as apresentadoras da cerimónia dos Globos de Ouro no ano a seguir, dificilmente poderiam antecipar os seus contornos: que seria a 28 de fevereiro (a data prevista para os Óscares, antes do adiamento para 25 de abril) e essencialmente virtual.

A cerimónia acontece já este domingo à noite (uma da manhã de segunda-feira em Lisboa, sem transmissão nos canais portugueses), mas aquele que é considerado o evento mais animado e divertido da temporada de prémios em Hollywood, com momentos memoráveis à medida em que a noite avança e as línguas e emoções se soltam com a adrenalina e o bar aberto, teve de se adaptar à COVID-19.

Face à evolução da situação epidemiológica nos EUA, a organização pediu aos nomeados para ficarem em "local seguro, de preferência nas suas casas, acompanhados apenas pelas pessoas com quem vivem", participando de forma remota.

Já Tina Fey e Amy Poehler foram literalmente a extremos para cumprir as regras de distanciamento social: a primeira estará em Nova Iorque, no topo do Rockefeller Center, sede da NBC, e a segunda em Los Angeles, no local tradicional da festa, o Beverly Hilton Hotel.

A transmissão dos dois lados da costa será uma estreia na história dos Globos que começou em 1944, tal como a composição da (limitada) audiência ao vivo: em vez das estrelas, estarão alguns dos trabalhadores dos serviços essenciais e da linha da frente no combate à pandemia. Todos com testes à COVID-19 e medição de temperatura antes de entrarem nos recintos, a usar máscara e cumprindo o distanciamento social, com exceção dos que pertencerem ao mesmo agregado familiar.

Os protocolos aplicam-se também a todos os que prepararam o espetáculo e apresentadores: foram já anunciados Joaquin Phoenix, Renée Zellweger e Awkwafina, premiados no ano passado, além de Margot Robbie, Cynthia Erivo, Tiffany Haddish, Kristen Wiig, Annie Mumolo, Kate Hudson, Kenan Thompson, Sterling K. Brown, Susan Kelechi Watson e os casais Michael Douglas e Catherine Zeta-Jones e Kevin Bacon e Kyra Sedgwick.

Não é só a pandemia a ensombrar os Globos

As semanas que antecederam a 78.ª edição dos Globos de Ouro também ficaram marcadas pelo ressurgimento das dúvidas sobre o funcionamento e conduta ética da Associação de Imprensa Estrangeira em Hollywood (HFPA, na sigla inglesa).

Uma investigação do jornal norte-americano Los Angeles Times publicada a 21 de janeiro questionava a relevância que ainda tem na indústria cinematográfica, divulgando que os cerca de 87 membros da organização recebem remunerações avultadas e de origem pouco transparente, e nem todos são efetivamente jornalistas.

Foi mais uma machadada para os prémios, ainda vistos por alguns como uma antecâmara para os Óscares, mas cuja importância tem sido cada vez mais questionada e até ridicularizada, desde logo e de forma memorável por Ricky Gervais quando foi o apresentador.

Mas como é recordado no jornal, todos os anos a cerimónia soma entre 18 a 20 milhões de espectadores, um número generoso e que é visto ainda pelos estúdios de cinema como um ponto chave no calendário.

"O problema é que os estúdios precisam deles", admitiu o agente de um dos estúdios de Hollywood, que não quis ser identificado.

Este ano, a associação foi amplamente criticada por ter excluído das nomeações dos Globos de Ouro várias produções que são potenciais candidatos aos Óscares, como "Da 5 Bloods - Irmãos de Armas", de Spike Lee, "Judas e o Messias Negro", de Shaka King, e "Ma Rainey: A Mãe do Blues", de George C. Wolfe, o que levou a voltasse a ser notado que não existem votantes afro-americanos na HFPA (uma omissão que a organização anunciou entretanto que irá corrigir "assim que possível", assim como de outras "origens pouco representadas", embora notando que a maioria dos seus membros são mulheres e 35% de países não-europeus).

Também foi bastante ridicularizada a presença nas nomeações de "Music", um drama musical de Sia com Kate Hudson sobre uma criança autista, e até a argumentista Deborah Copaken de "Emily in Paris" ficou surpreendida pela presença da sua série à "custa" da ausência de "I May Destroy You".

Note-se que uma das alegações de "conflitos éticos" e "cultura do corrupção" apontadas à HFPA na investigação do LA Times foi a revelação de que os produtores da série da Netflix pagaram a 30 votantes uma viagem e estadia na capital francesa para uma luxuosa visita ao "set".

Pandemia consolida domínio do streaming nos filmes

Nomadland - Sobreviver na América

O filme "Mank", de David Fincher, e a série "The Crown", produzidos pela plataforma Netflix, lideram as nomeações de cinema e TV, mas nem a pandemia vai alterar um facto histórico: as atenções vão estar nas primeiras, divididas entre Drama e Musical ou Comédia (incontornáveis serão ainda as "pausas" para as homenagens a Jane Fonda e Norman Lear, distinguidos respetivamente pelas carreiras em cinema e TV com os prémios Cecil B. DeMille e Carol Burnett).

Mas com mais de metade das salas de cinema fechadas nos EUA e em muitos países europeus, e o adiamento das estreias de muitos filmes dos grandes estúdios de Hollywood por causa da pandemia, as nomeações consolidaram o domínio das plataformas de streaming, tal como já acontecia há mais tempo nas séries.

Os filmes da Netflix arrecadaram 22 nomeações (em 70 possíveis): para além das seis de "Mank", destacam-se as cinco de "Os 7 de Chicago", de Aaron Sorkin.

A grande distância surge a Amazon com sete, graças principalmente às três tanto para "Borat, o Filme Seguinte" como "Uma Noite em Miami".

Confirmando que os Globos são mais influentes do que propriamente barómetro de previsões, no ano passado, os prémios principais foram para "1917" (Drama) e "Era Uma Vez... em Hollywood" (Musical e Comédia), enquanto "Parasitas" dominou os Óscares.

Este ano e apesar do maior número de nomeações de "Mank" e "Os 7 de Chicago" entre os filmes da categoria de Melhor Drama, e a presença de "O Pai" e "Uma Miúda com Potencial", o favoritismo recai em "Nomadland - Sobreviver na América", a história de uma mulher já com mais de 60 anos (Frances McDormand) que perde tudo na grande crise económica de 2008 e decide viajar através de autocaravana pelo Oeste americano como uma nómada moderna.

Para Melhor Filme em Comédia ou Musical, parte com grande favoritismo "Borat, O Filme Seguinte" em relação a filmagem do musical da Broadway "Hamilton", "The Prom", "Palm Springs" e "Music".

OS FILMES FAVORITOS DA TEMPORADA (E ONDE OS PODEMOS VER)

Após terem sido muito criticados no ano passado por só terem nomeado homens, os Globos fizeram história ao colocar três mulheres na categoria de Melhor Realização: no que seria uma vitória histórica, pois seria a segunda mulher a triunfar após Barbra Streisand em 1983 por "Yentl" e a primeira de ascendência asiática, a favorita é Chloé Zhao ("Nomadland"), à frente da atriz Regina King ("Uma Noite em Miami") e, mais surpreendente, Emerald Fennell (“Uma Miúda com Potencial”), às quais se juntaram David Fincher (“Mank”) e Aaron Sorkin (“Os 7 de Chicago”).

Nas categorias de interpretação, a aposta mais segura será a de Melhor Ator (Drama) a título póstumo para Chadwick Boseman ("Ma Rainey: A Mãe do Blues"), onde estão ainda nomeados Riz Ahmed (“Sound of Metal”), Anthony Hopkins (“O Pai”), Gary Oldman (“Mank”) e Tahar Ramin ("O Mauritano").

"Este é seu melhor papel e o pano de fundo é que ele sabia que poderia ser sua última interpretação. É algo difícil de resistir", destacou à agência France Press o jornalista da Variety Tim Gray, referindo-se a Boseman.

"Mas não é uma vitória garantida", acrescenta, ao apontar Hopkins como um forte candidato.

Mais imprevisível é Melhor Atriz (Drama), com Carey Mulligan (“Uma Miúda com Potencial”) a subir nas previsões à custa da anterior favorita Vanessa Kirby (“Pieces of a Woman”) e ainda Viola Davis ("Ma Rainey") e Frances McDormand (“Nomadland”). Nesta categoria também está nomeada Andra Day (“Estados Unidos vs. Billie Holiday”).

Para Comédia ou Musical nos atores Sacha Baron Cohen (“Borat 2”) é visto como o vencedor, à custa de Lin-Manuel Miranda (“Hamilton”), Andy Samberg (“Palm Springs”), Dev Patel ("A Vida Extraordinária de Copperfield") e James Corden (“The Prom”).

O domínio da sequela de "Borat" alarga-se à categoria de Melhor Atriz com a búlgara Maria Bakalova (que na campanha dos Óscares está a ser colocada entre as secundárias), em detrimento de Michelle Pfeiffer (“French Exit”), Anya Taylor-Joy (“Emma”), Rosamund Pike (“Tudo Pelo Vosso Bem”) e Kate Hudson (“Music”).

Nos atores secundários, sem divisões entre géneros de filmes, o favoritismo também recai no repetente Sacha Baron Cohen (“Os 7 de Chicago”), ultrapassando Daniel Kaluuya (que pode surpreender com “Judas e o Messias Negro”), Bill Murray (“On the Rocks”), Leslie Odom, Jr. (“Uma Noite em Miami”) e Jared Leto (“As Pequenas Coisas”).

Nas atrizes secundárias, os analistas apontam para um ligeiro ascendente de Amanda Seyfried (“Mank”), mas a espreitarem Olivia Colman ("O Pai") e Glenn Close ("Lamento de uma América em Ruínas"), e mais distantes Jodie Foster (“O Mauritano”) e Helena Zengel ("Notícias do Mundo").

Para Filme Estrangeiro, o dinamarquês "Mais Uma Rodada" seria claramente o favorito, mas não se sabe se "Minari" pode ser beneficiado ou prejudicado pela polémica decisão dos Globos de só permitir que esta produção americana fosse excluída de Melhor Filme Drama por causa do predomínio da língua coreana.

Noutras categorias, as apostam vão para vitórias de "Os 7 de Chicago" (Argumento), "Soul - Uma Aventura com Alma" (Animação e Banda Sonora) e “Speak Now " de "Uma Noite em Miami" (canção).

"The Crown" domina quase tudo nas séries?

The Crown

Ainda que acabem por ser vistos como algo redundantes depois dos Emmys em setembro, os Globos também homenageiam o melhor das séries, com domínio esmagador do streaming (em 55 nomeações apenas há uma de um dos quatro canais de TV tradicionais, a de Jane Levy pela série da NBC "Zoey's Extraordinary Playlist").

A HFPA costuma destacar algumas novidades e lançar novas "tendências", mas este ano, as seis nomeações indicam um grande favoritismo da quarta temporada de "The Crown", que na categoria de Drama deverá ganhar Melhor Série, Atriz (Olivia Colman, mas também se aposta em Emma Corrin pela interpretação da Princesa Diana) e Atriz Secundária (Gillian Anderson com a Primeira-Ministra Margaret Thatcher).

Com cinco nomeações, a grande triunfadora dos últimos Emmys "Schitt's Creek" deve repetir pelo menos os prémios em comédia de Melhor Série e Atriz (Catherine O’Hara). Já as vitórias de Eugene Levy e o filho Dan Levy respetivamente como Melhor Ator Comédia e Ator Secundário (sem distinção de géneros) é mais incerta face à concorrência de Jason Sudeikis ("Ted Lasso") e John Boyega ("Small Axe").

As apostas convergem mais noutras categorias: "Gambito de Dama" deve ganhar Melhor Telefilme e Minissérie e Anya Taylor-Joy será a Melhor Atriz no mesmo género; Jason Bateman será o Melhor Ator Drama ("Ozark"); e Mark Ruffalo o Melhor Ator em Telefilme ou Minissérie ("I Know This Much Is True").

LISTA COMPLETA DE NOMEADOS

CINEMA

MELHOR FILME (DRAMA)
"Nomadland - Sobreviver na América"
“Mank”
"O Pai"
"Uma Miúda com Potencial"
"Os 7 de Chicago"

MELHOR FILME (COMÉDIA OU MUSICAL)
“Borat, O Filme Seguinte”
“Hamilton”
“Music”
“Palm Springs”
“The Prom”

MELHOR REALIZAÇÃO
Emerald Fennell (“Uma Miúda com Potencial”)
David Fincher (“Mank”)
Chloé Zhao (“Nomadland”)
Regina King (“Uma Noite em Miami”)
Aaron Sorkin (“Os 7 de Chicago”)

MELHOR ATOR (DRAMA)
Riz Ahmed (“Sound of Metal”)
Chadwick Boseman (“Ma Rainey: A Mãe do Blues”)
Anthony Hopkins (“O Pai”)
Gary Oldman (“Mank”)
Tahar Ramin (“O Mauritano”)

MELHOR ATRIZ (DRAMA)
Viola Davis (“Ma Rainey: A Mãe do Blues”)
Andra Day (“Estados Unidos vs. Billie Holiday”)
Frances McDormand (“Nomadland”)
Carey Mulligan (“Uma Miúda com Potencial”)
Vanessa Kirby (“Pieces of a Woman”)

MELHOR ATOR (COMÉDIA OU MUSICAL)
Sacha Baron Cohen (“Borat, O Filme Seguinte”)
James Corden (“The Prom”)
Lin-Manuel Miranda (“Hamilton”)
Andy Samberg (“Palm Springs”)
Dev Patel ("A vida Extraordinária de Copperfield")

MELHOR ATRIZ (COMÉDIA OU MUSICAL)
Maria Bakalova (“Borat, O Filme Seguinte”)
Kate Hudson (“Music”)
Michelle Pfeiffer (“French Exit”)
Rosamund Pike (“Tudo Pelo Vosso Bem”)
Anya Taylor-Joy (“Emma”)

MELHOR ATOR SECUNDÁRIO
Sacha Baron Cohen (“Os 7 de Chicago”)
Daniel Kaluuya (“Judas e o Messias Negro”)
Jared Leto (“As Pequenas Coisas”)
Bill Murray (“On the Rocks”)
Leslie Odom, Jr. (“Uma Noite em Miami”)

MELHOR ATRIZ SECUNDÁRIA
Glenn Close ("Lamento de uma América em Ruínas")
Olivia Colman ("O Pai")
Jodie Foster (“O Mauritano”)
Amanda Seyfried (“Mank”)
Helena Zengel ("Notícias do Mundo")

MELHOR ARGUMENTO
"Os 7 de Chicago"
“Nomadland”
"O Pai"
"Mank"
"Uma Miúda com Potencial"

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
"Another Round" (Dinamarca)
"La Llorona" (Guatemala, França)
"Uma Vida à Sua Frente" "(Itália)
"Minari (EUA)
"Deux" (França)

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
"Soul - Uma Aventura com Alma"
"´Bora Lá"
"Os Croods: Uma Nova Era"
"Over the Moon"
"Wolfwalkers"

MELHOR BANDA SONORA ORIGINAL
"O Céu da Meia-Noite"
"Mank"
"Notícias do Mundo"
"Soul - Uma Aventura com Alma"
"Tenet"

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
"Uma Vida à Sua Frente" ("Uma Vida à Sua Frente") - Diane Warren, Laura Pausini, Niccolò Agliardi
"Speak Now" (“One Night in Miami”) - Leslie Odom Jr, Sam Ashworth
"Tigress & Tweed" (“The United States Vs. Billie Holiday”) - Andra Day, Raphael Saadiq
"Fight For You" (“Judas e o Messias Negro”) - H.E.R., Dernst Emile II
"Hear My Voice" ("Os 7 de Chicago") - Daniel Pemberton, Celeste Waite

TELEVISÃO

MELHOR SÉRIE (DRAMA)
“The Mandalorian”
“The Crown”
“Lovecraft Country”
“Ozark”
“Ratched”

MELHOR SÉRIE (COMÉDIA)
“Emily in Paris”
“Ted Lasso”
“The Flight Attendant”
“Schitt’s Creek”
“The Great”

MELHOR TELEFILME OU MINISSÉRIE
"Gambito de Dama"
“Normal People”
“The Undoing”
“Small Axe”
“Unorthodox”

MELHOR ATOR (SÉRIE DRAMA)
Jason Bateman (“Ozark”)
Josh O’Connor (“The Crown”)
Bob Odenkirk (“Better Call Saul”)
Matthew Rhys (“Perry Mason”)
Al Pacino (“Hunters”)

MELHOR ATRIZ (SÉRIE DRAMA)
Olivia Colman ("The Crown")
Jodie Comer (“Killing Eve”=
Emma Corrin (“The Crown”)
Laura Linney (“Ozark”)
Sarah Paulson (“Ratched”)

MELHOR ATOR (COMÉDIA OU MUSICAL)
Don Cheadle (“Black Monday”)
Eugene Levy (“Schitt’s Creek”)
Nicholas Hoult (“The Great”)
Jason Sudeikis (“Ted Lasso”)
Ramy Youssef (“Ramy”)

MELHOR ATRIZ (COMÉDIA OU MUSICAL)
Lily Collins (“Emily in Paris”)
Kaley Cuoco, (“The Flight Attendant”)
Elle Fanning (“The Great”)
Catherine O’Hara (“Schitt’s Creek”)
Jane Levy (“Zoey’s Extraordinary Playlist”)

MELHOR ATOR EM TELEFILME OU MINISSÉRIE
Bryan Cranston (“Your Honor”)
Jeff Daniels (“The Comey Rule”)
Ethan Hawke (“The Good Lord Bird”)
Hugh Grant (“The Undoing”)
Mark Ruffalo (“I Know This Much Is True”)

MELHOR ATRIZ EM TELEFILME OU MINISSÉRIE
Anya Taylor-Joy (“Gambito de Dama”)
Shira Haas (“Unorthodox”)
Nicole Kidman (“The Undoing”)
Cate Blanchett (“Mrs. America”)
Daisy Edgar-Jones (“Normal People)

MELHOR ATOR SECUNDÁRIO EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU TELEFILME
John Boyega (“Small Axe”)
Brendan Gleeson (“The Comey Rule”)
Dan Levy (“Schitt’s Creek”)
Jim Parsons (“Hollywood”)
Donald Sutherland (“The Undoing”)

MELHOR ATRIZ SECUNDÁRIA EM SÉRIE, MINISSÉRIE OU TELEFILME
Gillian Anderson (“The Crown”)
Helena Bonham Carter (“The Crown”)
Julia Garner (“Ozark”)
Annie Murphy (“Schitt’s Creek”)
Cynthia Nixon (“Ratched”)