Silvia Pinal, a última diva do cinema mexicano e musa do famoso realizador Luis Buñuel, morreu na quinta-feira aos 93 anos.
Estava hospitalizada na Cidade do México desde a semana passada para tratamento de uma infeção urinária, informaram a sua família e o governo mexicano.
“A sua ausência vai magoar-me para sempre, mas cada recordação dar-me-á forças para seguir em frente (...). Irei amá-la para sempre, mãe”, escreveu a atriz Sylvia Pasquel, a filha mais velha, na rede social X ao confirmar a morte.
A estrela da televisão e do teatro também é mãe da popular cantora Alejandra Guzmán e tem um filho, Luis Enrique.
A consagração internacional de Silvia Pinal veio com o lendário cineasta hispano-mexicano Luis Buñuel, que a dirigiu na trilogia “Viridiana” (1961), “O Anjo Exterminador” (1962) e “Simão do Deserto” (1965).
Banido em Espanha, “Viridiana” ganhou a Palma de Ouro de Cannes em 1961, sendo o único filme em castelhano a ganhar o maior prémio do festival de cinema mais importante do mundo.
Filmes como “El rey del barrio” (1950), em que contracenou com o popular comediante Germán 'Tin Tan' Valdés, ou “O Inocente” (1956), ao lado do eterno galã Pedro Infante, catapultaram-na para o Olimpo de celebridades mexicanas. O seu sucesso espalhou-se por todo o continente.
A sua morte teve grande atenção da imprensa local e causou comoção nas redes sociais.
A presidente Claudia Sheinbaum falou à noite sobre a morte de Pinal na rede X (antigo Twitter), onde escreveu que o seu “talento cinematográfico e teatral faz parte da memória cultural do México”.
O canal TelevisaUnivisión, à qual esteve ligada durante décadas, lamentou em comunicado a morte da “grande diva do México”.
“Viridiana”, triunfo e tragédia
A data de nascimento de Pinal não é totalmente clara: algumas fontes indicam que foi 16 de setembro de 1931 e outras 12 do mesmo mês e ano. Existem também versões que sugerem que fosse originária da Cidade do México e outras de Guaymas, no norte do estado de Sonora.
Desde criança que mostrou o seu fascínio pelo mundo artístico e, embora tenha tentado ser cantora de ópera, acabou optando por aulas de representação.
Começou a participar em radionovelas e peças experimentais e foi em 1948 que se estreou no cinema como secundária.
No total, participou em 84 filmes, 42 peças de teatro e 33 produções televisivas, segundo a TelevisaUnivisión.
Pinal, entusiasmada com o trabalho com Buñuel, decidiu dar à segunda filha o nome de Viridiana, nascida em 1963. Mas aos 19 anos, e quando iniciava a carreira artística, esta morreu num acidente de viação.
Em 1987, o nome de Viridiana voltou a ser envolvido numa tragédia quando uma neta da atriz, também com o mesmo nome da personagem, morreu aos dois anos de idade de afogamento numa piscina.
Pinal também teve uma extensa carreira na televisão, participando em séries, telenovelas e produzindo um dos seus últimos sucessos, “Mulher, casos da vida real” (tradução literal), programa transmitido de 1986 a 2007.
Também produziu inúmeras obras e possuía uma extensa cadeia de teatros.
A atriz, cuja mãe afirmava ser descendente de Miguel Hidalgo y Costilla, considerado o “pai da Independência” do México (1810), também se aventurou na política.
Após casar-se com o governador do estado de Tlaxcala, na década de 1990 foi deputada local e federal e senadora pelo outrora hegemónico Partido Revolucionário Institucional (PRI).
Pinal também posou para o famoso pintor e muralista mexicano Diego Rivera. Uma das suas pinturas seria avaliada, segundo especialistas, em cerca de três milhões de dólares antes da sua morte. A atriz foi casada quatro vezes e os seus ex-maridos incluem dois produtores de televisão e o popular cantor Enrique Guzmán, pai de Alejandra.
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