Drew Barrymore elegeu o realizador Steven Spielberg como "a única pessoa na minha vida até hoje que alguma vez foi uma figura paternal".

Num perfil sobre a sua vida para a Vulture, a atriz recordou a sua infância problemática e a relação especial que mantém com o realizador desde que fizeram "E.T. - O Extraterrestre" (1982).

Drew Barrymore tinha então seis anos e estava na fase inicial de um percurso que a levaria ao consumo de drogas leves e duras: era filha de John Drew Barrymore, membro de uma das mais famosas dinastias de atores de Hollywood, mas um pai alcoólico, e uma mãe que "a tratava como uma amiga e cliente", levando-a às festas e discotecas, e namorada os seus próprios namorados.

Já Spielberg, com 34 anos, estava pronto para ser pai.

O realizador contou que não quis "estragar a magia" de "E.T" à sua pequena atriz, que acreditava que era mesmo um ser vivo com quem almoçava e contava os seus segredos: filmando a história em continuidade, inventou uma desculpa quando ela viu o boneco a ser manobrado por uma equipa.

"Disse-lhe simplesmente 'Está tudo bem. O E.T. é tão especial que tem oito assistentes. Eu sou o realizador, só tenho um", recordou.

A admiração chegou a um ponto que Drew Barrymore lhe perguntou se podia ser o pai dela. Como a resposta foi negativa, perguntou-lhe se podia ser o seu padrinho, o que foi aceite. O realizador teve-a em casa em alguns fins de semana, levou-a à Disneyland e outros parques temáticos, e até lhe ofereceu uma gatinha a que ela deu o nome de Gertie, o nome da sua personagem em "E.T.".

E quando ela lhe entrou no escritório a usar batom vermelho, mandou-a ir limpar-se.

"Ela ficava acordada muito depois da hora de dormir, ia a lugares dos quais só deveria ouvir falar e vivia uma vida numa idade muito tenra que acho que roubou a sua infância. No entanto, sentia-me muito impotente porque não era o pai dela. Só podia ser uma espécie de conselheiro para ela", desabafou à Vulture.