O respeitado ator indiano Soumitra Chatterjee foi homenageado no seu país esta segunda-feira (16), um dia após sua morte, aos 85 anos, por complicações relacionadas com a COVID-19.

No que o jornal Hindustan Times descreve como o "fim de uma era", Soumitra Chatterjee  entrou em cerca de 300 filmes, mas era mais conhecido pela sua colaboração artística com o lendário cineasta indiano Satyajit Ray (1921–1992).

Nascido a 19 de janeiro de 1935, Soumitra Chatterjee começou pelo teatro e não tinha a ambição que fazem cinema indiano, que, tal como muitos da sua geração nos palcos, era desdenhado por ser para as "massas".

A sua opinião mudou radicalmente quando descobriu as potencialidades do formato ao ver "O Lamento da Vereda" (1955), o primeiro filme da célebre "trilogia Apu", que revelou internacionalmente Satyajit Ray.

O primeiro contacto com o realizador aconteceu no "casting" para a continuação, "O Invencível" (1956), mas este acabou por escolhê-lo para o Apu adulto em "O Mundo de Apu" (1959), a sua estreia no cinema.

Seguiram-se mais 13 filmes, numa relação artística comparável às de De Niro e Scorsese, Mifune e Kurosawa, Mastroianni e Fellini ou Max von Sydow e Ingmar Bergman.

O ator tinha sido hospitalizado no início de outubro em Calcutá após um teste positivo. Embora, mais tarde, os testes tenham dado negativo, permaneceu internado devido a outros problemas de saúde decorrentes da infeção, avançou a imprensa local.

A sua situação piorou e faleceu no domingo, escreveu a sua filha Poulami Bose no Facebook.

Em Calcutá, milhares de fãs enlutados juntaram-se no domingo à noite com velas e fotos do ator perto do crematório onde estava o seu corpo.

Nas redes sociais, o primeiro-ministro Narendra Modi escreveu que a morte do icónico ator representou "uma perda colossal para o mundo do cinema e da vida cultural [no estado de] Bengala Ocidental e na Índia".

Soumitra Chatterjee, cuja carreira durou cerca de 60 anos, também foi um ator de teatro consagrado e escreveu peças e poemas.