Recentemente nomeada para o Óscar de Melhor Atriz por "Uma Miúda com Potencial", Carey Mulligan vai contracenar com Zoe Kazan num filme centrado na revelação do escândalo Harvey Winstein.

As atrizes vão interpretar as jornalistas Megan Twohey e Jodi Kantor, as autoras da investigação publicada pelo jornal New York Times (NYT) a 5 de outubro de 2017 que acusava Harvey Weinstein, fundador da Miramax e um dos produtores mais famosos de Hollywood, de praticar crimes sexuais durante décadas.

A produção de prestígio para a Universal Pictures junta as produtoras Annapurna Pictures e a Plan B Entertainment, envolvendo, entre outros, Brad Pitt, que defendeu a então namorada Gwyneth Paltrow das investidas do produtor.

"She Said" [Ela disse] será a adaptação ao cinema do livro "She Said: Breaking the Sexual Harassment Story That Helped Ignite a Movement" e será menos sobre o produtor e o seu escândalo: ao jeito de filmes como "Os Homens do Presidente" (1976) e "O Caso Spotlight" (2016), irá centrar-se na equipa de jornalistas exclusivamente feminina que não cedeu às ameaças de intimidação para finalmente revelar "um dos segredos mais conhecidos em Hollywood".

Segundo o Deadline, a equipa principal do projeto também é feminina: na realização estará Maria Schrader, que fez o filme "Stefan Zweig: Adeus, Europa" e a minissérie "Unorthodox" e o argumento é de Rebecca Lenkiewicz, a mesma dos filmes "Ida" (2013), "Disobedience" (2017) e a antologia "Small Axe" (2020),

Harvey Weinstein criou a Miramax no fim dos anos 1970 com o seu irmão Bob, que se tornou uma das produtoras essenciais na transformação de filmes do cinema independente em sucessos comerciais, colocando-os na corrida aos Óscares, como "Sexo, Mentiras e Vídeo", "Jogo de Lágrimas", "O Piano" e "Pulp Fiction".

Os irmãos fizeram campanhas agressivas para "O Paciente Inglês" e "O Bom Rebelde" até que o próprio Harvey ganhou o prémio como um dos produtores de "A Paixão de Shakespeare".

Baseada em dezenas de testemunhos de antigos e atuais funcionários da Miramax, a reportagem do NYT revelava que Weinstein chegara a acordos extrajudiciais com pelo menos oito mulheres para resolver casos de assédio sexual e novas acusações, incluindo as das atrizes Rose McGowan e Ashley Judd.

Alguns dias mais tarde, a revista New Yorker publicava outra investigação, assinada por Ronan Farrow, onde três mulheres acusavam Weinstein de violação e Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie, Mira Sorvino, Asia Argento e outras atrizes relatavam comportamentos abusivos.

As investigações e posteriores denúncias por mais de 80 mulheres estiveram na origem dos movimentos #MeToo e #TimesUp, que têm lutado contra o assédio sexual e a agressão sexual nos locais de trabalho nos Estados Unidos.

Caído em desgraça, o produtor foi condenado a 23 anos de prisão em março de 2020.