O realizador Bryan Singer está a preparar o seu regresso artístico, depois de ter passado vários anos  longe de Hollywood (literal e figurativamente) por causa das acusações de alegados abusos sexuais de menores.

O realizador, com 57 anos e popularizado pelas grandes produções "X-Men", foi colocado à margem da indústria após ser despedido em dezembro de 2017, perto do fim da rodagem de “Bohemian Rhapsody” (2018), sendo substituído por Dexter Fletcher, alegadamente por causa das suas ausências frequentes em Londres. O seu nome permaneceu como o único realizador na ficha técnica.

Após a humilhação pública, manteve-se discreto, com exceção de alguns depoimentos escritos para se defender das acusações.

Agora a viver em Israel, a revista Variety confirmou que vai financiar um documentário sobre a sua vida em que irá abordar as acusações que o acompanham praticamente desde o início da sua carreira.

Lançado para a primeira linha de Hollywood logo com o seu segundo filme, "Os Suspeitos do Costume", de 1995, Singer também tenciona regressar às origens: os filmes de autor de baixo orçamento.

A trabalhar sem qualquer agente, tem apresentado a potenciais investidores os projetos de três filmes, com orçamentos de dez milhões de dólares, em que as histórias se passam em Israel e nas redondezas, um deles na década de 1970. O produtor será Jason Taylor, que já foi o presidente da produtora do realizador.

Há vários anos que circulam boatos sobre a má conduta sexual do realizador, incluindo festas com a presença de menores e denúncias de abuso. Vários casos foram arquivados ou resolvidos através de acordos financeiros, sem chegar aos tribunais.

A reputação sofreu ainda mais danos em janeiro de 2019, quando a revista The Atlantic noticiou um alegado comportamento predatório com vários jovens, incluindo a prática de sexo com um adolescente de 15 anos em Beverly Hills, Califórnia, em 1997.

Singer sempre negou as acusações e especificamente qualificou de "difamador e homofóbico" o artigo com novos testemunhos de quatro homens que afirmavam ter feito sexo com ele, incluindo dois quando eram adolescentes, assegurando que a revista procurava prejudicar o filme sobre a vida de Freddie Mercury e a banda Queen, que estava na corrida aos Óscares.

Em março de 2019, foi afastado da produção de uma nova versão de "Red Sonja" porque nenhum distribuidor de filmes quis estar associado ao escândalo.

No final de julho de 2020, uma investigação do The Hollywood Reporter desvendava as ausências frequentes, ataques de raiva, festas pesadas com adolescentes e consumo de drogas do realizador, então com 34 anos, durante a rodagem do primeiro "X-Men", e como a tolerância do estúdio com esses comportamentos "criou um monstro".