O realizador russo-cazaque Timur Bekmambetov, que conquistou popularidade fora da Rússia graças aos filmes "Guardiões da Noite" (2004) e "Guardiões do Dia" (2006), condenou a guerra na Ucrânia como uma "tragédia" e vai fazer um documentário sobre o conflito no espaço digital.

"Uma calamidade monumental" foi como descreveu a situação ao Deadline o realizador que nasceu no Cazaquistão e passou muitos versões nas cidades ucranianas de Chernihiv e Kherson antes dos seus filmes se tornarem populares nos dois lados da fronteira: "Este era o mundo em que costumávamos viver e é devastador ver como se desfez da noite para o dia".

Sobre a reação da comunidade cinematográfica internacional, incluindo os filmes russos serem banidos de alguns festivaiis e dos Prémios do Cinema Europeu deste ano, Bekmambetov considerou a reação como "emocional, sincera a razoável".

Nos últimos anos, o realizador e produtor está dedicado aos filmes do género Screenlife (em que as histórias se desenrolam no ecrã de um computador, tablet ou smartphone), depois de fazer para Hollywood "Procurado" (2008), "Diário Secreto de um Caçador de Vampiros#" (20123) e a nova versão de "Ben-Hur" (2015).

Mas o projeto que se segue será um documentário, "DWW1", sobre como o conflito na Ucrânia também está a ser travado 'online', inspirado em parte pelo seu primeiro filme, "Peshavar Waltz" (1994), que se tornou conhecido quando foi dobrado em inglês e lançado em 2002 como "Escape from Afghanistan" [Fuga do Afeganistão, em tradução literal].

"Traz muitos paralelos com o que está a acontecer agora – não apenas em termos da campanha militar em si, mas também como as autoridades estão a enganar o público sobre a guerra. Há apenas uma diferença: desta vez há mais feridas porque as pessoas não são apanhadas apenas no campo de batalha real, mas também no espaço digital. A luta está a decorrer nos ecrãs dos nossos dispositivos, tornando-nos participantes ou cúmplices, voluntários ou involuntários, destruindo o que os tiros e mísseis não podem alcançar", descreveu.

“Vamos reunir provas e histórias de como o espaço digital se tornou uma ferramenta inestimável para atualizações ao vivo do campo de batalha e também um meio de espalhar conteúdos falsos e enganadores. A guerra sem precedentes nas redes sociais está a colocar grandes questões sobre como lidar com polarização, violência, discurso de ódio, desinformação e propaganda, e como garantir o acesso a informações fiáveis e confiáveis", explicou.