
Sam Mendes lançará quatro filmes sobre os Beatles no mesmo mês, anunciou o cineasta na segunda-feira, com Paul Mescal a interpretar Paul McCartney e Barry Keoghan como Ringo Starr na "primeira experiência de cinema compulsiva".
O “evento cinematográfico de quatro filmes”, que chegará aos cinemas em abril de 2028, focará cada um num membro diferente do lendário quarteto pop britânico, com Harris Dickinson ("Triângulo da Tristeza", "Babygirl") como John Lennon e Joseph Quinn ("Stranger Things", "Novo Quarteto Fantástico") como George Harrison.
"Cada um é contado a partir da perspetiva particular de apenas um dos tipos. Eles cruzam-se de formas diferentes - às vezes sobrepondo-se, às vezes não", disse Mendes na convenção de cinema CinemaCon em Las Vegas.
"Eles são quatro seres humanos muito diferentes. Talvez esta seja uma oportunidade para entendê-los um pouco mais profundamente. Mas juntos, todos os quatro filmes contarão a história da maior banda da história", salientou.
A rodagem está prestes a começar e deve durar mais de um ano, disse Mendes. A ordem exata em que os filmes serão lançados ainda não foi revelada.
“Há anos que ando a tentar fazer um filme sobre os Beatles, mas desisti temporariamente”, explicou Mendes, vencedor dos Óscares com "Beleza Americana" (1999).
“Simplesmente senti que a história da banda era grande demais para caber num único filme, e que transformá-la numa minissérie de TV de alguma forma não parecia certo.”

O anúncio foi feito no início da convenção comercial CinemaCon, onde proprietários dos cinemas reúnem-se anualmente em Las Vegas para ouvir os planos dos estúdios de Hollywood para os próximos meses e anos.
Embora 2025 tenha sido amplamente apontado como o ano em que a indústria cinematográfica se recuperaria da pandemia e das greves dos atores e argumentistas de 2023, as bilheteiras tiveram até agora um péssimo começo, sofrendo com fracassos de grande repercussão, como a versão em imagem real de "Branca de Neve" da Disney, a sequela de "Capitão América: Admirável Mundo Novo" e a bizarra ficção científica "Mickey 17".
Os 1,3 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros, à cotação do dia) arrecadados na América do Norte até agora estão 7% abaixo do primeiro trimestre de um já magro 2024, prejudicado pelas greves massivas dos atores e argumentistas de Hollywood do ano anterior. Em 2018, pela mesma altura, as receitas eram de 2,8 mil milhões de dólares.
Tudo isto está a agitar uma indústria que nunca regressou totalmente aos níveis de lucro pré-pandemia e adotou informalmente o lema "Sobreviva até 2025".
Assim sendo, o evento anual CinemaCon no casino Caesars Palace é uma oportunidade importante para os estúdios de Hollywood apresentarem os seus próximos filmes aos donos de cinemas — e, quem sabe, inspirar um pouco de confiança de que os bons tempos estão a voltar.
Homem-Aranha e Bond?

O evento começou na noite de segunda-feira com uma apresentação da Sony Pictures.
Além de partilhar notícias sobre os filmes “The Beatles”, o estúdio revelou informações sobre os seus populares filmes “Homem-Aranha”.
Um novo filme de ação protagonizado por Tom Holland, com o título oficial "Spider-Man: Brand New Day" ["Homem-Aranha: Um Novo Dia", em tradução literal] foi confirmado para 31 de julho de 2026, enquanto o filme de animação "Spider-Man: Beyond the Spider-Verse" ["Homem-Aranha: Além do Aranhaverso", em tradução literal], a sequela de "Homem-Aranha: Através do Aranhaverso" (2023) recebeu data de lançamento a 4 de junho de 2027.
O estúdio também divulgou "28 Anos Depois", a sequela do terror apocalíptico há muito em preparação de "28 Dias Depois" (2002) do realizador Danny Boyle, com Jodie Comer, Aaron Taylor-Johnson e Ralph Fiennes.
Boyle acenou com a cabeça às especulações sobre o próximo ator a interpretar James Bond, brincando que Taylor-Johnson “pode ou não ser o próximo Bond” – e como Fiennes “provavelmente deveria ter sido”.
Mais tarde na semana, a Amazon MGM fará uma grande apresentação, poucos dias após revelar os novos produtores para a saga James Bond que comprou por muitos mil milhões de dólares.
A Warner Bros. irá estar desesperada para recuperar de fracassos como "Mickey 17" e "The Alto Knights" — um filme de Robert De Niro que arrecadou apenas cinco milhões de dólares em todo o mundo no seu recente fim de semana de estreia, apesar de ter custado 45 milhões, sem incluir o marketing.
O estúdio tem uma programação de deixar água na boca, incluindo o novo filme de Leonardo DiCaprio "One Battle After Another" e o importante "Superman", que espera revitalizar toda a sua saga de super-heróis da DC.

Numa tradição quase anual, a Paramount apresentará o seu mais recente filme "Missão: Impossível", lançando os rumores inevitáveis de uma aparição de Tom Cruise no palco do auditório gigante do casino.
É improvável que a estúdio mencione a sua proposta de fusão com a Skydance: a Paramount está envolvida num processo com a administração de Donald Trump sobre uma entrevista da CBS News com Kamala Harris durante a eleição do ano passado.
Outros estúdios que se devem apresentar esta semana incluem a Universal Pictures, com as suas mais recentes sequelas de "Mundo Jurássico" e "Wicked", e a Lionsgate, a casa dos muitos filmes "John Wick" de Keanu Reeves.
A Disney, com uma lista cada vez maior de super-heróis da Marvel e uma nova sequela de "Avatar" prevista para dezembro, encerrará o evento na quinta-feira à noite.
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