A 1 de novembro, Anna Graham Hunter, publicou no The Hollywood Reporter (THR) um ensaio em que relatava o sistemático assédio sexual que lhe fez Dustin Hoffman durante a rodagem do telefilme "Death of a Salesman" em 1985, quando era uma estagiária de 17 anos.

Quando o jornal pedia uma reação oficial, o ator de 80 anos respondeu que tem "o maior respeito pelas mulheres e sinto-me péssimo que algo que possa ter feito a tenha colocado numa situação desconfortável. Peço desculpa. Isso não reflete quem eu sou".

Em sua defesa surgiu agora Volker Schlöndorff, o realizador alemão que acompanhou a produção baseada na peça de Arthur Miller.

"Saúdo a campanha #Eutambém [que surgiu nas redes sociais para assinalar quem foi vítima de assédio sexual] e não quero parecer estar a desdenhar o que considero ser uma causa séria", destacou ao THR o cineasta, mais conhecido por "O Tambor", vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1979.

"No entanto, não se deve crucificar indistintamente todos os homens à volta. Chamar predador a Dustin Hoffman é simplesmente ir longe demais. Espero que isto se desapareça.  É uma tolice", acrescentou.

O realizador diz que Hoffman brincava com todos na rodagem: "Ele era um palhaço, fazia parte da forma como também retratávamos [a sua personagem] Willy Loman — mas ele nunca assediou. Ele estava a meter-se com os estagiários jovens e nervosos, principalmente para os fazer sentirem-se incluídos na rodagem, tratando-os como iguais a todos os técnicos".

"Gostava que Arthur Miller fosse vivo, encontraria as palavras certas, mas por outro lado poderia ser acusado de molestar sexualmente Marilyn Monroe”, concluiu, numa referência ao casamento do dramaturgo, então com 41 anos, com a famosa atriz, que tinha 30.