Johnny Depp voltou a testemunhar no processo de difamação em que enfrenta a ex-mulher.

Um dos temas abordados foi o de "Aquaman", já que a atriz alegou que o ex-marido não a ajudou a conseguir o trabalho no primeiro filme.

"Não é exatamente verdade", respondeu ele esta quarta-feira no tribunal em Fairfax.

Na versão do ator, após fazer o teste em 2015, Heard ficou ansiosa com a preocupação da Warner Bros. sobre se ela poderia trabalhar na Austrália e pediu-lhe para falar com estúdio.

A razão: a atriz fora acusada pelas autoridades do país em 2016 por ter levado ilegalmente os seus cães (a queixa foi retirada em troca de se considerar culpada de fazer uma declaração aduaneira falsa).

Depp disse que fez um telefonema e acabou por falar com três executivos importantes da Warner: "Só posso dizer que, no fim, ela conseguiu o trabalho no filme. Até certo ponto, espero ter conseguido aliviar as suas preocupações".

"Aquaman"

Contra-interrogado pelos advogados da ex-mulher, o ator negou ter tentado que ela fosse despedida mas admitiu que contactou o estúdio.

"Senti que era minha responsabilidade trazer a verdade à Warner Bros. sobre o que acabariam por enfrentar mais à frente, que é duas franquias que iriam causar problemas uma à outra", esclareceu, referindo-se a "Aquaman" e à sua própria participação em "Monstros Fantásticos".

Segundo o ator, ele sentiu a obrigação de avisar que os filmes poderiam ser afetados por notícias negativas relacionadas com a separação e alegações de violência doméstica e indicou que o estúdio estava a ficar "chateado" com os "sistemáticos ataques deliberados" que o retratavam negativamente na imprensa.

"A um nível, sim, é apenas representar, são apenas filmes. Mas é negócio e é a tua palavra, e eu tinha-lhes dado a minha palavra e senti que tinha a responsabilidade de lhes dizer exatamente o que estava a acontecer e que iria acabar por se tornar feio", testemunhou.

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Na terça-feira, o presidente da DC Films, Walter Hamada, declarou que Heard esteve perto de ficar de fora da sequela, mas por falta de química com Jason Momoa.

Segundo ele, o papel de Mera não foi drasticamente cortado, como a atriz alega: "o envolvimento da personagem na história foi mais ou menos o que era desde o início" porque a sequela, "desde as fases iniciais de desenvolvimento”, nunca foi pensada para ser um filme romântico como o primeiro, mas uma “comédia de amigos” ["buddy comedy" no original] entre Aquaman e o seu meio-irmão, o anterior rei de Atlântida Orm (Patrick Wilson).

Os testemunhos de Depp e de Hamada contradizem a versão de Heard e da sua equipa de advogados: que a sua precária situação profissional por provocada pelas polémicas à volta do processo de divórcio e uma "campanha de difamação" de Depp e da sua equipa.

Acusações de agressão feitas por Heard são "ultrajantes"

Johnny Depp a 25 de maio de 2022

Durante o mesmo depoimento esta quarta-feira, Johnny Depp disse que foi "inimaginavelmente brutal" ouvir as acusações "ultrajantes" de violência doméstica feitas pela ex-mulher.

"Nenhum ser humano é perfeito, claro que não, nenhum de nós, mas nunca cometi agressão sexual ou abuso físico na minha vida", disse o ator de 58 anos.

No banco das testemunhas, Depp foi questionado pelos seus advogados como foi ouvir o depoimento de Heard.

"É uma loucura ouvir as terríveis acusações de violência, de violência sexual, que ela atribui a mim", disse a estrela de "Piratas das Caraíbas".

"Todas estas histórias ultrajantes e escandalosas de que fiz essas coisas", disse ele.

"Horrível, ridículo, humilhante, absurdo, doloroso, selvagem, brutal de uma forma inimaginável, cruel e tudo falso", disse ao júri.

"Tudo falso", reiterou.

O ator salientou que ninguém "gosta de ter que se expor assim e dizer a verdade", mas que precisava enfrentar "o que carrego, sem querer, há seis anos".

Heard e Depp foram casados de 2015 a 2017. Em maio de 2016, a atriz de 36 anos obteve uma ordem de restrição contra o então marido, alegando violência doméstica.

Em novembro de 2020, o ator iniciou um processo por difamação em Londres contra o jornal britânico The Sun por chamá-lo de "espancador de esposas".

Três vezes nomeado para os Óscares, Depp perdeu o caso e processou Heard por um artigo de opinião da atriz publicado no Washington Post em dezembro de 2018, no qual Heard se descreveu como uma "figura pública que representa o abuso doméstico".

A atriz nascida no Texas não nomeava Depp no texto, mas ele processou-a por sugerir que ele era um agressor e exige 50 milhões de dólares de indemnização.

Heard respondeu e pede 100 milhões de dólares, alegando que sofreu "violência física e abuso desenfreado" às mãos do ex-marido.

"Ele nunca me empurrou"

Kate Moss a 25 de maio de 2022

Durante o julgamento, que começou a 11 de abril, Heard relatou vários abusos físicos e sexuais cometidos por Depp sob a influência de drogas. Ela afirmou ter sido agredida sexualmente com uma garrafa enquanto estavam na Austrália.

Depp afirmou que Heard era quem muitas vezes se tornava violenta e uma vez cortou a ponta de um dos seus dedos ao atirar-lhe uma garrafa de vodka.

Ainda na quarta-feira, a modelo britânica Kate Moss, ex-namorada de Depp, negou a informação - mencionada em reportagens citadas por Heard durante o seu depoimento - de que o ator a atirara das escadas abaixo.

O incidente ocorreu durante as férias do casal na Jamaica.

"Estava a chover e, ao sair do quarto, escorreguei pelas escadas e magoei as costas", disse a modelo, que testemunhou por Depp por videoconferência de Londres e em apenas quatro minutos.

"E eu gritei porque não sabia o que tinha acontecido comigo e estava com dores. Ele veio a correr ajudar-me e levou-me para o quarto e pediu assistência médica", continuou.

Moss, de 48 anos, confirmou que teve um relacionamento romântico com o ator entre 1994 e 1998 e em resposta aos seus advogados, reforçou que "ele nunca me empurrou, pontapeou ou atirou-me das escadas abaixo".

O depoimento da modelo durou apenas três minutos e os advogados de Heard não quiseram interrogá-la.

Carreiras afetadas

Ambas as partes afirmam que as suas carreiras em Hollywood foram prejudicadas.

A equipa jurídica de Heard trouxe a tribunal uma especialista da indústria do entretenimento que estimou que a atriz perdeu entre 45 a 50 milhões de dólares em trabalhos de cinema e televisão e publicidade

Já um especialista contratado pelos advogados de Depp afirmou que o ator perdeu milhões com as acusações, incluindo 22,5 milhões de dólares num sexto filme "Piratas das Caraíbas".

A juíza Penney Azcarate marcou as alegações finais do caso para esta sexta-feira.

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