A família da mulher morta na rodagem do 'western' de baixo orçamento "Rust" processou esta terça-feira o ator Alec Baldwin, que apontava a arma que fez o disparo, alegando homicídio culposo.

O ator ensaiava no set do filme no Estado do Novo México em outubro do ano passado com um revólver junto de Halyna Hutchins, a diretora de fotografia do filme, quando ocorreu o disparo que a feriu mortalmente.

O eletricista Serge Svetnoy e a diretora de fotografia Halyna Hutchins (Facebook)

Durante a conferência de imprensa esta terça, o advogado Brian Parnish argumentou que Alec Baldwin e outros produtores de "Rust", também processados, incorreram em "conduta imprudente e medidas para reduzir custos", resultando na morte de Hutchins.

Incluídos no processo estão ainda o assistente de realização Dave Halls, que entregou a arma ao ator, o fornecedor de armas Seth Kenney, a armeira do filme Hannah Gutierrez-Reed e a responsável pelos adereços Sarah Zachry.

O advogado que representa Mathew e Andros, respetivamente marido e filho de Hutchins, apresentou uma lista de "pelo menos 15 procedimentos padrão da indústria" que, argumentou, foram ignorados pelos produtores no set.

Entre estes estão não usar armas cenográficas no lugar de um revólver real, ausência de pessoas qualificadas para manipular armas no set e falta de equipamentos de proteção para os profissionais.

Parnish também argumentou que Baldwin "se recusou" a receber treino para sacar a arma. O advogado mostrou uma reconstrução em 3D do incidente.

A ação foi apresentada no Novo México, onde ocorreu a tragédia.

Ao ser questionado sobre o montante da compensação financeira que a família de Hutchins espera receber, Parnish disse acreditar que é "substancial".

A ação deverá chegar a tribunal dentro de 18 a 24 meses e é a mais recente dos processos legais relacionados com o trágico evento, colocados por Serge Svetnoy, a 'script supervisor'/anotadora Mamie Mitchell e pela médica principal da produção Cheryln Schaefer.

Também a armeira do filme, Hannah Gutierrez-Reed, processou em janeiro o fornecedor de munição da produção, acusando-o de colocar balas reais em cartuchos de pólvora seca.

Ninguém foi preso ainda neste caso. O ator afirmou numa entrevista que não puxou o gatilho do revólver, apenas o engatilhou. Pouco antes do disparo, recebeu a arma de um assistente de realização que o informou que a mesma estava "fria", um jargão cinematográfico que indica que ela é inofensiva.

A polícia continua a investigar porque é que havia munições reais no local da rodagem e solicitou o telemóvel de Baldwin em meados de dezembro, argumentando que poderia conter "provas" que poderiam ser "relevantes para a investigação".

Em meados de janeiro, o iPhone de Baldwin foi entregue às autoridades do condado de Suffolk, em Nova Iorque, onde o ator reside.

Os investigadores disseram que querem ver as mensagens e e-mails que o ator enviou e recebeu relacionados com o projeto.

Segundo a ordem judicial que detalha o pedido, o ator tinha trocado e-mails com a armeira do filme para discutir que tipo de arma seria usada na cena que acabou por ser fatal.