Divórcio ou mera separação para repensar as perspetivas a dois para o futuro?

O fim da parceria entre a Disney-Marvel e a Sony que permitiu que o Homem-Aranha surgisse nos filmes dos dois estúdios durou cinco semanas: esta sexta-feira, surgiu um comunicado conjunto a confirmar um terceiro filme da Sony com Tom Holland a 16 de julho de 2021 que será produzido com a Marvel e a influência criativa do seu presidente, Kevin Feige.

Não foram revelados detalhes oficiais do acordo, mas a Deadline avança que a Sony concordou com a proposta original da Disney (a que tinha levado ao divórcio em agosto), em que esta co-financiará 25% do orçamento do terceiro filme e ficará com 25% das receitas.

O Homem-Aranha também continuará a fazer parte do Universo Cinematográfico Marvel, pelo menos em mais um filme.

O comunicado não disfarça o entusiasmo com o desfecho, que terá sido alcançado na quinta-feira à noite, e deixa nas entrelinhas outras "surpresas" para o futuro.

"Estou contentíssimo por prosseguir a jornada do Homem-Aranha no Universo Cinematográfico Marvel e eu e todos nos Estúdios Marvel estamos muito entusiasmados por continuarmos a trabalhar nisso. O Homem-Aranha é um ícone poderoso e herói cuja história cruza todas as idades e públicos à volta do mundo. Também é o único herói com a super poder de atravessar universos cinematográficos, portanto, com a Sony a criar o seu próprio 'universo-aranha', nunca se sabe que surpresas o futuro pode trazer", declarou Kevin Feige.

Amy Pascal, que produz os filmes para a Sony, bem como "Venom" e a animação vencedora do Óscar "Homem-Aranha: No Universo Aranha", não se esqueceu do peso dos fãs, que tinham ficado revoltados com o fim do acordo.

“Isto é fantástico. A história do Peter Parker deu uma reviravolta dramática em 'Longe de Casa' e não poderia estar mais feliz por trabalharmos juntos para ver para onde vai a sua jornada. Esta tem sido uma parceria vencedora para os estúdios, a saga e os fãs e estou contentíssima por continuar", salientou.

O atual Homem-Aranha já reagiu: Tom Holland partilhou nas redes sociais uma cena de "O Lobo de Wall Street" em que a personagem de Leonardo DiCaprio diz que não se vai embora (com palavras que não se ouvem nos filmes da Marvel) e o espetáculo continua.

Apenas há três semanas, o Presidente do Conselho de Administração e CEO da Sony Pictures Tony Vinciquerra dizia que a porta estava fechada para um novo acordo, confirmando o divórcio entre os estúdios que os irmãos Joe e Anthony Russo (dos dois últimos "Vingadores") chegaram a classificar como um "erro trágico".

Assinado em 2015, o acordo determinava que a Marvel teria uma influência criativa nos filmes a solo do Homem-Aranha lançados pela Sony e poderia utilizá-lo também como personagem nos seus próprios filmes, cobrando para isso uma percentagem de 5% dos valores brutos de bilheteira e mantendo os direitos totais sobre o merchandising.

A parceria foi vantajosa: o primeiro filme da Marvel com o Homem-Aranha foi "Capitão América: Guerra Civil" (2016), seguindo-se "Vingadores: Guerra do Infinito" (2018) e "Endgame" (que se tornou o maior sucesso da história do cinema em valores brutos já este ano), que também surgia integrado nos dois filmes a solo da Sony, "Homem-Aranha: Regresso a Casa" (2017) e o recente "Homem-Aranha: Longe de Casa", que arrecadou já mais de mil milhões de dólares nas bilheteiras de todo o mundo, tornando-se o maior sucesso de sempre da Sony.

A renegociação dos termos da parceria e uma disputa financeira terão sido as causas para o divórcio anunciado a 20 de agosto: uma primeira versão avançava que a Disney queria co-financiar os filmes da Sony com o super-herói e ficar com metade das receitas, mas posteriormente circularam percentagens mais baixas, a dos 25% da renovação do acordo.

Em comunicado pela mesma altura, a Sony pareceu apontar numa direção um pouco diferente, colocando a responsabilidade numa decisão da Disney em deixar cair o envolvimento com a personagem.

Há três semanas, o CEO da Sony repetiu que uma das razões para o fracasso das negociações seria a menor disponibilidade de Feige por causa da entrada de novos super-heróis no Universo Cinematográfico Marvel (os filmes da quarta fase, que vai começar com "Viúva Negra" em maio de 2020, mas também do regresso dos direitos da saga "X-Men" com a aquisição da 20th Century Fox pela Disney).