Logo ao segundo dia, a atriz australiana Cate Blanchett conquistou o Festival Internacional de Cinema de Veneza com o seu papel de maestra no filme "TÁR" (é mesmo assim), um drama sobre o abuso de poder, mulheres homossexuais e os seus preconceitos.

O terceiro filme dirigido por Todd Field depois dos aclamados "Vidas Privadas" (2000) e "Pecados Íntimos" (2006) narra a ascensão e queda de fictícia Lydia Tar, uma das poucas mulheres a chegar à direção da prestigiada Filarmónica de Berlim, cuja carreira acaba ao ser envolvida em denúncias de abuso sexual contra mulheres.

"Não é um filme sobre as mulheres, mas sobre seres humanos, sobre as suas fraquezas", insistiu Cate Blanchett no festival, sublinhando não querer que o filme se torne uma bandeira do movimento feminino #MeToo.

"Politizar um filme é banalizá-lo, normalizá-lo. Não escolho filmes que sejam o 'manifesto' de algo ou a propaganda de uma ideia ou pensamento. Embora isso seja correto", explicou a atriz que se destacou no festival pela sua elegância e talento.

Cem anos da ascensão do fascismo

Já "A Marcha Sobre Roma", um documentário sobre a ascensão do fascismo na Itália há 100 anos, ecoou no festival de Veneza pela possibilidade de o partido de direita nacionalista Fratelli d'Italia (Irmãos da Itália) ganhar as eleições legislativas a 25 de setembro, já que surge como o grande favorito em todas as sondagens.

Exibido fora da competição e dirigido pelo irlandês Mark Cousins, o documentário relembra a histórica manifestação feita a 28 de outubro de 1922, um marco do início do regime fascista, e foca-se na propaganda, na capacidade de distorcer a realidade com imagens e de manipular a opinião pública, um tema atual pelo mesmo poder adquirido pelas redes sociais.

"O fascismo sabe adaptar-se no seu novo ambiente", explicou o realizador no final da projeção.

O canibal

Timothée Chalamet a 2 de setembro

O jovem ator franco-americano Timothée Chalamet, recebido como uma estrela pop pelos fãs, surpreendeu no festival de Veneza com o seu papel de canibal apaixonado.

"Bones and all", do realizador italiano Luca Guadagnino (o mesmo de "Chama-me Pelo Teu Nome", que lançou a sua carreira em 2017), que concorre o Leão de Ouro, foi filmado no coração dos EUA e é uma história de amor entre duas pessoas invulgares com uma paixão incontrolável por carne humana, que não possuem escolhas a não ser comer por amor.