"Sicilian Ghost Story" inspira-se em factos reais – suficientemente marcantes para que os realizadores Fabio Grassadonia e Antonio Piazza abandonassem a Sicília em direção ao norte da Itália – corriam ainda os anos 90.
Os cineastas propõe uma espécie de exorcismo/catarse através do sonho e da fantasia. O enredo recria de uma maneira muito particular a trágica história de Giuseppe di Matteo, um rapaz de 14 anos sequestrado pela Cosa Nostra em 1993. Filho de um delator, a ideia da organização criminosa era exigir que o pai parasse de colaborar com a polícia, mas como tal não acontecia, foi mantido em cativeiro durante quase dois anos.
A opção não é por uma biografia tradicional nem por um “filme-denúncia”. Antes disto, cria-se para Giuseppe (Gaetano Fernandez) uma namorada fictícia, Luna (Julia Jedlikowska), e é através da vida dela, seja antes do seu desaparecimento, seja depois, que a trama se desenvolve.
O resultado é um evocativo vai-e-vem não linear onde os acontecimentos do quotidiano de Luna se vão misturando com um desejo desesperado de encontrar o namorado. Nesta visão onírica de um presente assombrado por fantasmas de um passado irrecuperável, os cineastas propõe a ideia de uma redenção só possível através da arte.
Filme que inaugura a 11ª Festa do Cinema Italiano (passa a 4 de abril às 21h30 no Cinema S. Jorge), "Sicilian Ghost Story" abriu a Semana da Crítica em Cannes, recebendo uma ovação considerável. Foi também por lá que Grassadonia e Piazza viram estrear o seu primeiro filme, “Salvo”, também já exibido na Festa do Cinema Italiano em 2013.
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