Nota: artigo com spoilers de "Left Behind", o sétimo episódio da primeira temporada de "The Last of Us"

Houve um tempo em que Ellie foi uma adolescente normal. Ou, pelo menos, o mais próximo possível do que se entende como normal na realidade pós-apocalítica de "The Last of Us". E em "Left Behind", o sétimo episódio da série da HBO Max inspirada no videojogo homónimo, estreado esta segunda-feira na plataforma de streaming, os espectadores podem finalmente ficar a conhecer essa fase.

Recuo a um passado não muito distante da coprotagonista da saga, antes desta seguir estrada fora ao lado de Joel (Pedro Pascal), é um dos capítulos mais comoventes ao acompanhar a última noite ao lado de Riley, a sua antiga colega de quarto e melhor amiga... e que talvez até pudesse tornar-se mais do que isso.

The Last of Us

"Esta relação de amor e amizade entre duas adolescentes é confusa e complicada. Mas é, acima de tudo, genuína", diz Bella Ramsey, revelada em "A Guerra dos Tronos", na pele de Lyanna Mormont, e que encarna agora Ellie noutra aposta certeira da HBO Max.

"Gosto de como agem de forma tão desajeitada e insegura uma com a outra e, ao mesmo tempo, de como gostam muito uma da outra", acrescenta a estrela britânica de 19 anos numa mesa redonda virtual na qual o SAPO Mag esteve presente.

Inocência e autenticidade

Bella Ramsey contracena neste episódio com Storm Reid, atriz que também não será estranha ao público das séries da plataforma: a norte-americana interpreta Gia Bennett, irmã da protagonista de "Euphoria", e participou em filmes como "O Homem Invisível" ou "O Esquadrão Suicida".

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Tal como acontece com outros nomes do elenco de "The Last of Us", a sua personagem tem uma presença breve na temporada e só se junta à saga neste episódio. Mas é determinante no percurso de Ellie.

"O que mais queria transmitir emocionalmente era a inocência das duas raparigas e a honestidade da sua amizade e amor. Elas preocupam-se verdadeiramente uma com a outra", sublinha. "Para os espectadores envolverem, como acho que se vão envolver, estes elementos têm de ser bem construídos. Foi muito importante para mim ser o mais autêntica, jovem e fresca possível".

Riley reencontra Ellie depois de ter desaparecido durante algum tempo, mas o conflito entre a "ditadura" da FEDRA e a "rebelião" dos Pirilampos ameaça trazer outra separação. E embora a disputa nunca deixe de marcar esta cumplicidade, "Left Behind" acaba por resultar no episódio mais lúdico e arejado da série... pelo menos até aos minutos finais.

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"Tive de recuar e trazer de volta alguma da inocência que a Ellie tem até àquela situação com a Riley em que ambas são mordidas. Acho que ela não tinha tido muitos traumas para além do que qualquer pessoa tinha tido ao crescer naquele mundo sem uma família", conta Bella Ramsey. "Mas julgo que é a partir desse momento que se torna uma sobrevivente, mais dura e adulta".

"Tentamos ser o mais representativos possível"

Storm Reid aponta outra cena forte, a da discussão entre as duas que motivou a saída de Ellie do centro comercial abandonado, o cenário principal deste episódio. "A Riley sente que desiludiu a Ellie, e esse é o seu maior medo. Não é algo que ela tivesse intenção de fazer. Lembro-me de ter ficado muito emocionada com a cena da cozinha por isso", recorda.

A atriz acrescenta que "foi muito bom poder encarnar uma rapariga que tem sentimentos por outra", apresentando um relacionamento que revela outras facetas de Ellie. "Acontece a toda a hora. Tentamos ser o mais representativos possível e refletir o mundo real", explica.

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"Participar nesta história foi muito importante para mim porque sei que é muito importante para outras pessoas", complementa Ramsey. "São duas pessoas que se amam e dá-se o caso de serem duas raparigas. Poder ver isso numa série destas é muito fixe, muito importante e muito inesperado, tal como a história do Bill e do Frank [protagonistas do terceiro episódio, um dos mais celebrados pelos espectadores]. É inesperado, mas resulta muito bem".

Reid também elogia as particularidades narrativas da série. "Li o argumento e fiquei maravilhada. E também um pouco confusa sobre este mundo, porque nunca tinha jogado o videojogo. Mas a escrita do Craig [Mazin, cocriador e coargumentista da série] era tão bela e poética que consegui imaginar facilmente como seria esta realidade", assinala.

"As personagens é que estão no centro da série, não os efeitos especiais", salienta Ramsey. "Elas é que realmente importam nesta história sobre relações humanas".

Veja uma das cenas do sétimo episódio de "The Last of Us":