Com José Condessa e Bárbara Branco nos principais papéis, a produção remete para a época em que o escritor viveu na cidade, entre 1870 e 71, desempenhando o cargo de administrador do concelho. E foi lá que se inspirou para escrever “O Crime do Padre Amaro”.

“Isso é uma novidade relativamente a versões anteriores, de outros filmes. Esta série, realizada em ambiente de época, é totalmente diferenciadora, porque foi rodada em Leiria, cenário principal do romance, em espaços preparados para se parecerem, em muito, com os que Eça viu e que inspiraram a obra”, frisou à agência Lusa Gonçalo Lopes.

As filmagens decorreram em vários pontos da cidade e do concelho, entre julho e agosto de 2021, e o resultado “vai surpreender muita gente”, porque obrigou a transformar diversos espaços em cenários próximos de como eram no século XIX.

“Os efeitos especiais, o tratamento 3D dos edifícios, toda a operação no largo da Sé e a utilização de casas senhoriais nas filmagens traduz-se numa ligação muito grande a Leiria que, seguramente, irá gerar interesse de visita”, acredita.

Por outro lado, a transmissão na RTP1 terá “impacto no número de visitantes que iremos ter”, especialmente “entre fãs do escritor e da obra em particular”, reforçando a herança de Leiria enquanto cenário de “O Crime do Padre Amaro”.

Por causa disso, entre janeiro e fevereiro o município programou cinco visitas especiais da “Rota do Crime do Padre Amaro”, que durante 90 minutos dará a conhecer lugares que remetem para a história e que têm ligação ao autor, nomeadamente o Largo da Sé, a Praça, a Casa de Augusta Caminha, mãe de Amélia, ou a Casa do Sineiro.

O projeto inspirado no romance de Eça de Queiroz custou 1.2 milhões de euros e teve comparticipação municipal de 200 mil euros.

É o maior investimento de sempre da Câmara de Leiria numa produção audiovisual, realça Gonçalo Lopes, que o justifica com a oportunidade de “promoção cultural e turística da região, em especial da nossa cidade”.

Dada a natureza histórica que Leonel Vieira queria imprimir ao filme, “só faria sentido ser filmado em Leiria”.

“Havia esta oportunidade e quase obrigação de acolher estas filmagens”, refere, sobre o investimento municipal.

No dia 04 de janeiro, o presidente da autarquia assistiu à primeira antestreia em Lisboa e antecipa o impacto desta versão do romance de Eça de Queiroz:

“Pela qualidade da produção, pela experiência dos atores e do cineasta envolvido, estes episódios têm a qualidade própria dos melhores filmes rodados no estrangeiro. Será uma enorme surpresa para muitos”.

Transmitida às segundas-feiras à noite, a série convida “ao debate, à reflexão” e vai gerar, acredita, “a polémica que gerou na época e que tem gerado ao longo dos anos”.

“Por isso é que esta história foi filmada tantas vezes. É de esperar que muita gente vai querer assistir, para recordar a história e perceber o papel de cada personagem. Para os leirienses será também como viajar no tempo e ver a transformação da cidade”, concluiu o autarca.

“O Crime do Padre Amaro” terá uma segunda antestreia no sábado à noite, no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, com presença do elenco numa cerimónia onde será transmitido o primeiro dos seis episódios.