Depois de um ano lectivo atribulado, que acabou com a morte de Marina (María Pedraza) e com a detenção de Nano (Jaime Lorente), os estudantes de Las Encinas regressam esta sexta-feira, dia 6 de setembro, às aulas. Antes do reencontro nos corredores do colégio, o elenco de "Elite" juntou-se em Madrid para antecipar os acontecimentos da segunda temporada, que já chegou à Netflix.
"A nova temporada vai surpreender os espectadores, em tudo. Mesmo tudo, do início ao fim. Ninguém está à espera do que vai acontecer. O primeiro episódio vai revelar muita informação, mas tudo se vai dilatar ao longo dos episódios. Acho que as pessoas vão gostar muito das tramas das personagens", começa por frisar Mina El Hammani, atriz que veste a pele de Nadia, em conversa com o SAPO Mag, no centro de Madrid.
Ao seu lado durante uma conversa com jornalistas de toda a Europa, Danna Paola (Lu) acrescenta que "esta temporada terá uma atmosfera um pouco diferente". "As nossas personagens vão por caminhos diferentes depois da morte da Marina. Para a Lu, será um oportunidade para ser a namorada perfeita para o Guzmán", revela a atriz.
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O sucesso da primeira temporada de "Elite" fez a Netflix apostar na produção, que já conta com uma terceira temporada confirmada. A morte de Marina, os dramas dos relacionamentos na adolescência, a relação entre os pais e os filhos e a vida da "elite" da cidade foram alguns dos ingredientes principais dos primeiros episódios da série espanhola e, segundo Miguel Bernadeau, que dá vida a Guzmán, vão ser exploradas mais linhas narrativas. "Acho que as pessoas gostaram da dinâmica da primeira temporada, com todos os acontecimentos. Na segunda temporada, há ainda mais arcos narrativos. Quando estávamos a filmar, comentávamos que era isto que os fãs vão querer ver", sublinha o ator ao SAPO Mag.
"Esta temporada será como os restos de um naufrágio", acrescenta Itzán Escamilla (Samuel).
Triângulos amorosos e novos mistérios
A segunda temporada conta com novas personagens, novos amores e mais mistérios. "Um novo ano escolar começa em Las Encinas, reunindo novos e antigos alunos. Embora muitos quisessem voltar à normalidade depois da morte de Marina, esse desejo torna-se impossível quando os segredos que se tornam num fardo quase impossível de carregar começam a ser revelados", avança o serviço de streaming em comunicado.
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"Na nova temporada, as personagens vão enfrentar situações que as pessoas da mesma idade enfrentam numa vida normal. Mas há diferenças entre a primeira e a segunda temporada. Agora, vão viver situações muito mais complexas e são só jovens de 16 e 17 anos", desvenda Ester Exposito, atriz que interpreta Carla na série da Netflix.
Depois dos acontecimentos trágicos, Guzmán, Lu, Samuel, Christian, Ander, Omar, Carla, Nadia e Polo passaram por um verão com altos e baixos, mas que deu tempo para refletirem sobre o que aconteceu dentro e fora dos corredores da escola. "Não sei se as nossas personagens agora estão a viver coisas de adultos, mas passaram e vão passar por coisas que são muito pesadas. Por isso, têm experiências que um jovem de 17 anos não tem", explica Itzán Escamilla.
"As personagens cresceram muito rapidamente porque passaram por coisas que os jovens com 17 anos não passam", acrescenta Alvaro Rico, jovem que veste a pele de Polo, considerado o vilão de "Elite". "Adoro ser o mau da fita. Adoro. Entendo que digam que o Polo é o vilão, o mauzão da série... porque, afinal de contas, matou uma pessoa. Mas não é um ser totalmente mau. É um tipo que não mataria uma mosca, mas encontrou-se numa situação que o ultrapassou a todos os níveis. Não sabe bem porque é que cometeu isso - deve ter havido algum curto circuito na sua cabeça", conta.
"Nos primeiros episódios da segunda temporada, ele parece que não fez nada. Está num mundo feliz e tu quase queres gritar com ele: 'o que estás a fazer? como estás a viver neste ambiente?'. E percebes que por dentro ele está mal, teve um ataque de ansiedade e descobres que toma medicamentos", acrescenta o jovem ator em conversa ao SAPO Mag.
Segundo Alvaro Rico, nos novos episódios, "Polo vai viver quase numa montanha russa": "Ele vai chegar a um limite, ao fundo do poço. O bonito de Polo é que ele vai tentar criar um futuro e tentar viver depois de ter cometido o assassinato. E terá de guardar o segredo".
No arranque dos novos episódios de "Elite", Polo vai viver ainda um momento íntimo com o amigo Ander - será o início de uma história de amor? Mais um triângulo amoroso? Na primeira temporada, a personagem manteve uma relação com Carla. "Na nova temporada, Polo não tenta descobrir a sua sexualidade, ao contrário do que aconteceu na primeira parte. Agora tem a cabeça noutro lado... mas o que acontece com o Ander, vendo só os primeiros episódios, é só uma coisa obscena. Mas o que vai acontecer, vai dar que falar. Ander e Polo vão partilhar quase toda a segunda temporada", revela.
Tal como Polo, Ander (Aron Piper) também vai estar envolvido em duas relações ao mesmo tempo - na primeira temporada, o relacionamento entre Ander e Omar foi um dos destaques e conquistou os espectadores da série. "A relação entre eles é uma relação de amor adolescente. Amor puro, que é afetado por causas externas. A relação está normalizada porque o conflito das duas personagens não é a sua orientação sexual. O conflito é exterior", defende Omar Ayuso.
A ideia é partilhada por Aron Piper. "Somos um casal gay, mas esse não é o conflito principal das duas personagens", defende, lembrando que a não aceitação da família muçulmana de Omar é um dos entraves para a relação. "Na segunda temporada, Omar vai ter de tomar decisões, de fazer escolhas e renúncias: ou a família ou Ander", explica o ator.
Para Omar Ayuso, interpretar um jovem muçulmano e gay não tem uma carga especial. "O que oferece a personagem é muito subjectivo, de acordo com cada pessoa. Portanto, não há nenhum objetivo de dar respostas às pessoas. Seria irreal. Pode é dar visibilidade porque todos precisamos de referências para não nos sentirmos bichos raros no mundo", explica o jovem ator ao SAPO Mag.
A irmã de Omar, Nadia também vai enfrentar alguns preconceitos e ver a sua liberdade condicionada pela sua família. Ao longo da primeira temporada, a atriz Mina El Hammani recebeu várias "críticas positivas e negativas" sobre o seu papel. "O que me interessa é o debate. A minha personagem - uma jovem muçulmana - não é uma bandeira para nada. É apenas a história de uma rapariga e não estou a representar o que deveria ou não ser uma rapariga muçulmana. É uma rapariga de 16 anos e que está a viver a sua história", frisa.
As novas personagens
Nos novos episódios, Omar e Nadia vão contar com uma nova "aliada" e amiga, Rebeca. "A Rebeca é força, é energia. É uma menina-mulher grande e de armas. Acho que isto a define bem. Muito emocional também", explica Claudia Salas em conversa com o SAPO Mag.
"A Rebeca chega a um sítio a que não pertence, ao contrário das outras personagens. No meio deste ecossistema, ela tenta rodear-se das pessoas com quem se identifica mais. Por isso, ela aproxima-se da Nadia e do Samuel - isso vai ver-se mais à frente. Também se vai aproximar da personagem do Omar porque sente que é 'tu cá tu lá' com ele e, assim, sente-se melhor numa comunidade a que não pertence e à qual não quer pertencer", conta.
Além de Claudia Salas, Jorge Lopéz também é um dos novos atores de "Elite" - o chileno vai vestir a pele de Valerio, meio-irmão de Lu. "Valerio é um rapaz de 19 anos que chega às Las Encinas, fruto de uma mudança familiar - a sua família está dividida, ele é filho de mãe chilena e de pai mexicano. Vai para Las Encinas porque, basicamente, a sua mãe já não quer saber dele, cansou-se. E chega à casa da sua irmã, chega ao primeiro dia e precisa de ser aprovado, quer pertencer... mas não tem de mostrar essa necessidade", conta o ator de 27 anos.
"Ele chega e sabe o que fazer. Deixa as coisas bem claras ao fazer da sua irmã a sua melhor amiga, que é o seu amor. Não mostra esse amor à frente de toda a gente, mas está super apaixonado pela sua irmã e tem de afastar algumas pessoas do caminho, como o Guzmán. Tem de o afastar, fazendo-se seu amigo e metendo-o num mundo que domina, que é o uso de drogas. O Valerio não é viciado, apenas usa de forma recreativa", acrescenta Jorge Lopéz. "Mas o Valerio tem um bom coração e é um rapaz muito verdadeiro. E vamos ver isso", remata.
Nos primeiros episódios da segunda temporada, o jovem irá ainda protagonizar uma cena de nudez. "Senti-me vulnerável ao gravar a cena, muito, muito vulnerável. Acho que foi o dia mais difícil das filmagens, mas um dos que mais gostei. Os meus colegas ajudaram-me. Foi a minha primeira cena despido, nunca tinha feito nada assim", conta.
"Preocupei-me e falei com o realizador para ver como seria. Depois pedi para ver um corte da cena para saber o que iam mostrar - mostrei o que tinha de mostrar em cena, mas nunca sabes como vai ser montado e o que se vai ver. No final, vi tudo e tudo correu bem. Foi um dia de muito crescimento pessoal e profissional", garante.
Georgina Amoros também é uma das caras novas da segunda temporada da série da Netflix. Nos novos episódios, a atriz vai dar vida a Cayetana, uma jovem que tenta viver uma vida de fachada: "A Cayetana é uma nova estudante e aparentemente é feliz, rica e parece estar muito entusiasmada por estar nas Las Encinas. Faz amizade com a Lu e com todo esse círculo de amigos. Ela é uma jovem de 16 anos e tudo o que quer é fazer parte e, por isso, usa uma máscara".
"Acho que os espectadores se vão ligar a ela - quando li o guião, lembrei-me dos meus tempos de jovem. Também criei algumas máscaras para ser aceite. Gosto mesmo de a interpretar porque ela tem muitas camadas diferentes. Ela não é só aquilo que parece no início", acrescenta.
Para Omar Ayuso, a personagem de Georgina Amoros é um dos destaques da nova temporada. "Acho que o que mais gosto nesta temporada é da Cayetana", confessa o ator.
A mensagem da série
Na segunda temporada, as redes sociais, as relações familiares, as amizades e amores vão ser os ingredientes principais. O dinheiro e o mistério também vão marcar o rumo da história. "O dinheiro corrompe... quando tens 16 anos e vives num mundo capitalista, dizem-te que vais viver melhor se tiveres muito dinheiro. Que vais ter poder. É algo que se foi enraizando e que não é real. Isso faz-me lembrar a personagem da Cayetana", defende Mina El Hammani.
Para Miguel Bernadeau, o objetivo da história não é passar a mensagem de que as pessoas ricas fazem coisas más: "Não é essa a mensagem que tentámos passar, mas percebo que esse seja o pensamento de quem vê".
"É curioso que a família mais pobre da série é a família mais próxima, a que tem uma união real. E aqui as famílias dos ricos são horríveis", acrescenta Omar.
Para Ester Exposito (Carla), as histórias contadas em "Elite" não são apenas para jovens. "Acho que os adultos podem gostar porque é uma série com várias camadas", defende. "Porque todos [adultos e jovens] querem fazer parte de algo, de um grupo, quer seja na escola ou no trabalho. Queremos sempre encontrar a felicidade", acrescenta Danna Paola (Lu).
As duas primeiras temporadas de "Elite" já se encontram disponíveis na Netflix.
* O SAPO Mag viajou até Madrid a convite da Netflix.
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