Na emissão de segunda-feira, dia 2 de junho, do "Dois às 10", na "Crónica Criminal", Cristina Ferreira e os comentadores analisaram o caso da morte de Conceição Figueiredo, em Oliveira do Bairro. "Nós temos mesmo que avisar as pessoas que hoje em dia é muito complicado, mesmo relações que podem ter sido de amor, quando já entram na fase de perseguição, de algum controlo, é preciso a polícia estar avisada e os familiares também", disse a apresentadora da TVI.

"Não sei se esta mulher depois do baile entrou num carro com ele, e aí é que se calhar se pôs a jeito para que isso acontecesse. Hoje em dia, é mesmo não confiar em ninguém, nem na pessoa em quem mais gostamos", acrescentou Cristina Ferreira.

Nas redes sociais, o comentário da apresentadora foi criticado. "A frase 'se pôs a jeito' é inquestionavelmente grave", escreveu, por exemplo, um utilizador do X, antigo Twitter.

Depois da polémica e do comunicado partilhado por Cristina Ferreira nas redes sociais, Manuel Luís Goucha comentou o caso na sua conta no Instagram. "É incrível a leviandade com que as pessoas peroram sobre um qualquer assunto sem que minimamente se preocupem em ouvir ou ler tudo o que foi dito ou escrito", frisou.

"Não sejamos ingénuos, uma qualquer frase tirada do contexto serve o objetivo claro de criar ruído, alimentar raivas, ódios e outros sentimentos rasteiros. Viralize-se parece ser palavra de ordem, no afã de tudo criar polémica e gerar gostos ('likes') que esse é o fito e quem diz ou escreve que 'se amanhe'. Não se deixe manipular por uma frase fora do contexto", defendeu o apresentador da TVI.

"Se se sentiu agredida(o) por algo que leu procure a origem do facto, não se fique pelo título propositadamente enganoso, não caia no engodo do 'jornalismo' de sarjeta , procure ouvir, saber tudo o que realmente foi dito e como no encadeado de um raciocínio surgiu a frase que alguns, abusivamente, pretendem mortífera. Depois sim, se quiser manifeste a sua opinião, será legítima, seja qual fôr, porque não se ficou apenas pelo ruído. Mas isto sou eu a falar porque é assim que procuro agir em tudo na minha vida e assim manter o compromisso que tenho com a alegria. Não se deixe cancerar pelo ódio. Ou então deixe… mas depois não se queixe", rematou.

Na manhã desta terça-feira, 3 de junho, na sua conta no Instagram, Cristina Ferreira comentou a polémica.  "Não tenho por hábito comentar polémicas da internet mas como não posso compactuar com a desinformação e a caça ao like tenho de me manifestar. Ontem, na 'Crónica criminal' do programa, espaço que nos últimos anos muito tem contribuído para a informação, alerta e até mudança na justiça portuguesa, falámos, infelizmente, de mais uma mulher morta. Na sequência do debate falei dos tempos que correm e de como não podemos já confiar em ninguém. O alerta tinha o propósito da defesa de cada um de nós em relação a desconhecidos ou relações abusivas e controladoras. A frase 'pôs-se a jeito' usada, no contexto, tinha tudo menos o propósito de culpabilizar a mulher, aliás o que se pretende é exatamente o contrário", escreveu.

"Retirada do contexto, a frase, provocou uma avalanche de partilhas e discurso de ódio, que vão exatamente no sentido contrário daquilo que apregoam algumas das vozes que se manifestam no combate à violência. O apontar do dedo e a procura do erro no outro, de forma enviesada, não contribui para o para o combate, necessário e urgente, da violência doméstica. Estimular discursos de ódio não favorecem uma sociedade melhor. A voz de cada um deve ser usada para a criação de empatia, discussão informada e alteração de comportamentos, que infelizmente me parecem viver um retrocesso", acrescentou a apresentadora da TVI.

No texto partilhado nas Stories, Cristina Ferreira sublinha que vai "continuar, no espaço que tem profissional, a usar a sua voz e a dos seus convidados, psicólogos, advogados e inspetores da polícia, para o alerta, a informação e divulgação de tudo o que nos pareça essencial para uma sociedade melhor".

"Trabalho que faço há 20 anos. É no amor que evoluímos. Nunca no ódio", rematou.