E se, em 25 novembro de 1975, Portugal se tivesse tornado num país comunista, aliado da URSS? Como seria a Diplomacia nos últimos anos da Guerra Fria? O canal História tenta explicar estas e outras hipóteses históricas no documentário "O Último Dia da Revolução".

No verão de 1975 pairavam sobre Portugal um desconforto e uma tensão latentes. A seguir à euforia vivida em 1974 vinham as verdadeiras revoltas. Multiplicavam-se as greves e as manifestações. As relações entre as pessoas deterioravam-se. O verão de 1975 é marcado por ataques às sedes dos partidos políticos, principalmente as do Partido Comunista Português (PCP) situadas no norte. Mais a sul, no Alentejo, muitas terras e habitações foram ocupadas pelos trabalhadores rurais à procura de uma melhor forma de subsistência.

Na cidade de Lisboa um grupo de feministas fez uma manifestação e queimou tachos, panelas e soutiens, símbolos da antiga forma como as mulheres eram vistas. A 12 de Novembro um grupo de trabalhadores cerca a Assembleia da República com os deputados lá dentro. Quando estes saem, ao fim de algumas horas de clausura, são apupados à porta. Todos, menos os deputados do PCP.

Os militares estão atentos a este sinal. "Queremos o Socialismo, sim...mas não o da Suécia, da Noruega ou da Holanda... O Socialismo que queremos é o da República Democrática Alemã (RDA), da Polónia, Bulgária, Roménia...", foi aquilo que a 5ª Divisão do Estado-Maior das Forças Armadas publicou no seu boletim oficial.

Esta sucessão de episódios vai acelerar o desfecho do Processo Revolucionário em Curso e a 25 de novembro as tropas estão de novo nas ruas, mas não todas do mesmo lado. Dois entendimentos diferentes de Liberdade e de Democracia confrontam-se no Portugal de 1975.

Neste confronto existe a possibilidade de Portugal, membro fundador da NATO, entrar para a lista dos países comunistas. No lado de lá do Oceano Atlântico, os norte-americanos assistem, apreensivos, ao desenrolar dos acontecimentos. Chega a colocar-se a hipótese de invadir o país. Será que sim? Ou será que não foi assim?

O PCP avançou para o conflito? Ou temeu a Guerra Civil? Porquê? Será que a Espanha pensou em dominar a "desordem" no país vizinho, sobretudo depois da vandalização da sua embaixada? Estas são as questões que o canal História afirma querer ver esclarecidas.

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