Tal como as calças “à boca de sino”, também os Pink Floyd caíram em desgraça, mas depois regressaram. Ao contrário das calças, a música de Roger Waters, David Guilmour e restantes membros é inovadora, bonita e bem construída. Confesso que sempre fui fã mais da onda Roger Waters que David Guilmour, mas um devoto gastador de dinheiro em discos e afins dos Pink Floyd.

Tendo começado a ouvir música muito cedo, na pré-adolescência, em casa de um amigo que tinha tido a sorte de herdar a colecção do tio, a capa, com dois homens a cumprimentarem-se, um a arder, chamou de imediato à atenção. Curioso como às vezes se começa a gostar de uma coisa pelas razões erradas. Já na altura, os Pink Floyd sabiam que música não é só música. Aquela foto conta muito mais do que qualquer disco dos Beatles. O medo em mostrar sentimentos e não sair queimado de relações. Mas o disco é muito mais do que isso.

O único problema está no tema que dá o nome ao disco. A música “Wish You Were Here” continua a ser usada como se fosse uma linda canção de amor, quando no fundo é um grito desesperado a Syd Barret, que se tinha eclipsado graças ao uso de drogas.

Os Pink Floyd costumam ser incluídos no rock progressivo, mas tal como este disco, os PInk Floyd eram únicos. Numa altura em que o consumo de música é fragmentado, ouvimos músicas no youtube, no itunes e em mp3, este disco é para ouvir do início ao fim, com os quase 10 minutos de “Shine on our Crazy Diamond”  no início, a deixar voar o caleidescópio de emoções.

O psicadelismo de “Welcome to the Machine” está mais atual que nunca. A indústria musical e a sociedade industrializada são alvos principais. Nunca fomos tanto robots como somos agora, e em 1975 já havia alguém na música que pensava assim e via os perigos.

Os Pink Floyd já não tocam na rádio, dantes também não tocavam muito, para isso temos os Rolling Stones.