O renascimento artístico de Mel Gibson surpreendeu fãs e observadores do mundo do cinema após mais de dez anos ostracizado por Hollywood por fazer discursos antissemitas, mas Winona Ryder não esquece o passado.

Numa entrevista ao The Sunday Times, a estrela de "Stranger Things" deu vários exemplos quando lhe perguntaram se teve experiências de antissemitismo na indústria.

"Houve alturas em que as pessoas disseram ' Um momento, és judia? Mas és tão bonita!'. Houve um filme em que estava interessada há muito tempo, do género histórico, e o líder do estúdio, que era judeu, disse que eu parecia 'demasiado judia' para estar numa família aristocrática", revelou.

Mas a atriz voltou a contar um episódio perturbador em 1996 com Mel Gibson que tinha contado à revista GQ em 2010 e agora, em plena tensão racial nos EUA, está a ter bastante impacto e a causar indignação nas redes sociais.

"Estávamos numa festa muito concorrida com um dos meus grandes amigos. E o Mel Gibson estava a fumar um charuto e estamos todos a conversar e ele diz para o meu amigo, que é homossexual, 'Espere, vou apanhar Sida?'. E então apareceu qualquer coisa sobre Judeus e ele disse, 'Não és uma 'oven dodger', pois não?”, recordou.

"Oven dodger", que não tem tradução portuguesa, é uma expressão depreciativa para uma pessoa de ascendência judaica que usa o termo "oven", numa referência aos fornos em que foram queimados judeus nos campos de concentração durante o Holocausto.

Winona Ryder acrescentou que Mel Gibson "tentou" pedir desculpa mais tarde.

Pela descrição, a situação terá ocorrido numa das muitas festas da temporada de prémios em que o ator e cineasta estava na corrida com "Braveheart" e Winona Ryder por "Onde Reside o Amor".

A sua reputação caiu a pique após ser detido em 2006 por conduzir alcoolizado e fazer um discurso antissemita sobre como os "judeus começaram todas as guerras".

Em 2010, a situação piorou quando foi apanhado numa gravação a ameaçar a namorada Oksana Grigorieva, que um ano mais tarde o acusou de violência doméstica.

As justificações para este e outros momentos semelhantes foram o álcool e a depressão.

Muitos acreditaram que a carreira tinha acabado e o próprio reconheceu que foi um grande desafio voltar a ser aceite em Hollywood, o que aconteceu com "O Herói de Hacksaw Ridge" (2016), nomeado para os Óscares.