A atriz Whoopi Goldberg foi suspensa na terça-feira durante duas semanas do programa "The View", que apresenta no canal ABC, depois de ser criticada por dizer que o genocídio nazi de seis milhões de judeus não foi "uma questão de raça".

Apesar de a apresentadora, anfitriã e principal estrela do programa ter pedido desculpas, a presidente da ABC News, Kim Godwin, afirmou que não era suficiente.

"Com efeito imediato, suspendo Whoopi Goldberg durante duas semanas pelos seus comentários equivocados e ofensivos", afirmou Godwin num comunicado publicado na conta do canal no Twitter.

"Embora Whoopi se tenha desculpado, pedi-lhe que tire um tempo para refletir e perceber o impacto dos seus comentários", completou.

A atriz, vencedora do Óscar de Melhor Atriz Secundária por "Ghost - O Espírito do Amor" (1990), afirmou na segunda-feira que o Holocausto envolveu "dois grupos de pessoas brancas".

"No programa de hoje disse que o Holocausto 'não é uma questão de raça e sim da desumanidade do homem com o homem'. Deveria ter dito que são os dois", escreveu Goldberg no Twitter na segunda-feira à noite.

"O povo judeu de todo o mundo sempre contou com o meu apoio e isso nunca vai mudar. Lamento o dano que causei", acrescentou a atriz de 66 anos.

Convidada no programa de Stephen Colbert na segunda-feira à noite para falar de outros temas, a atriz acabou também por ter de se explicar: como uma pessoa americana negra, a sua definição de raça é mais visual, baseada na cor da pele, que imediatamente identifica a raça, mas essa não é a forma como os judeus a definem.

Após os comentários iniciais de Goldberg, os críticos responderam que a raça foi determinante para o genocídio, já que os nazis acreditavam que eram uma raça superior.

"Não @WhoopiGoldberg, o #Holocausto foi a aniquilação sistemática do povo judeu por parte dos nazis, que os consideravam uma raça inferior. Foram desumanizados e usaram essa propaganda racista para justificar o assassinato de seis milhões de judeus. A distorção do Holocausto é perigosa", partilhou nas redes sociais Jonathan Greenblatt, diretor da Liga Antidifamação, que esteve presente no "The View" esta terça-feira, que ainda contou com Goldberg, que voltou a pedir desculpa.

Por sua vez, o Museu do Holocausto dos Estados Unidos escreveu no Twitter que "o racismo foi fundamental para a ideologia nazi".

"Os judeus não se definiam pela religião e sim pela raça. As crenças racistas nazis alimentaram o genocídio e o assassinato em massa", declarou essa instituição sem fazer referência aos comentários de Goldberg.

Goldberg, que protagonizou filmes que denunciaram o racismo contra os negros como "A Cor Púrpura", falava durante uma discussão sobre a proibição numa escola de Tennessee da banda desenhada de 1986 "Maus", sobre a vida no campo de concentração nazista de Auschwitz.

O livro, vencedor do Prémio Pulitzer, que retrata judeus como ratos e nazis como gatos, é considerado uma representação poderosa e precisa do assassinato nazista de milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

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