Uma livraria, uma exposição com materiais da Ephemera (biblioteca e arquivo de José Pacheco Pereira) e oficinas sobre o ciclo de edição numa editora independente são as propostas da Casa da Tinta-da-china, que se instalou nos 11 dias do Festival Internacional de Literatura de Óbidos com um programa próprio dentro da programação do festival.

“[A casa] é a nossa forma de comemorar com o público os 12 anos da editora”, disse à Lusa Bárbara Bulhosa, responsável pela única editora com casa aberta no Folio.

Na casa, cabe desde “todo o fundo da editora”, com livros que “os leitores já não encontram nas livrarias”, às oficinas em que se partilha com o público o processo de criação dos cerca de 400 títulos editados pela empresa nos últimos 12 anos.

“Numa pequena editora, com oito pessoas, fazemos tudo, desde a edição, à paginação, às capas”, sublinha a editora que no Folio abre o livro sobre o caminho trilhado na consolidação de uma marca que quis “desde o início fazer diferente”.

Na Tinta-da-china “não há e-books, os livros têm capa dura, com papéis especiais, com fitilhos”, vinca Bárbara Bulhosa, que prefere lançar 50 títulos por ano e fazer chegar aos escaparates “manuscritos que deram muito prazer ler” do que correr atrás de ‘best-sellers’.

Bárbara Bulhosa reconhece “uma boa energia” que a levou a aceitar o grande desafio de “ter uma casa aberta” no Folio.

Uma aposta com “sessões sempre com bastante público” e autores a conviverem com leitores nas mesas organizadas pela editora cuja programação promete para sábado um dos momentos da programação do Folio.

“Um português e um brasileiro entram num bar” é o mote da conversa que junta Ricardo Araújo Pereira e Gregório Duvivier, dois humoristas publicados pela editora.

A mesa replica “um encontro que já foi feito no Brasil e que foi absolutamente espetacular”, afirmou a editora que no sábado estima lotar por completo o auditório da praça da criatividade.

Domingo, o Folio fecha portas e a Tinta-da-china despede-se da casa que a terá acolhido por 11 dias. E pela frente terá outros desafios na preparação de um novo ano.

Na calha está a publicação, “pela primeira vez em Portugal e no Brasil”, de um novo autor, a que se juntam desafios como a Granta (uma revista literária de publicação semestral, dirigida por Carlos Vaz Marques) “passar a ser publicada em simultâneo em Portugal e no Brasil, com autores de ambos os países”.

Sob o tema “Revoluções Revoltas e Rebeldias”, o Folio, que na quinta-feira abriu portas, desenvolve-se em cinco capítulos - Autores, Folia, Educa, Ilustra e Folio Mais.

Vinte e nove mesas de autores, dez exposições, 15 conversas e um seminário internacional marcam o programa da terceira e mais internacional edição do festival que se prolonga até domingo.