Zé Pedro, guitarrista e fundador dos Xutos & Pontapés morreu esta quinta-feira, 30 de novembro, aos 61 anos. O músico faleceu depois de complicações decorrentes da Hepatite C de que sofria há mais de 15 anos na sua casa, em Lisboa.

Em conversa com o SAPO Mag, Teresa Lage, da RFM, recordou o músico. "Era a pessoa mais querida do mundo, com quem eu tinha montes de conversas sobre música, trocávamos músicas, ideias de livros para comprar. Era uma pessoa genuinamente generosa", frisou, relembrando que conheceu pessoalmente o guitarrista nos anos 1990.

"Ele era a alma dos Xutos e quando o conhecias percebias que era uma pessoa super simpática para toda gente; via-te uma vez e fixava o teu nome, cumprimentava sempre e atravessava a rua para falar. Talvez não fosse um músico, como executante, nada de brilhante, mas há pessoas nas bandas que são mais importantes do que quem faz outra coisa qualquer", conta.

"Duvido que haja alguém que não goste do Zé Pedro", Teresa Lage

"Encontrava-o na rua e era como se estivesse a falar com um dos meus melhores amigos", acrescenta.

Teresa Lage tem dúvidas sobre o futuro dos Xutos & Pontapés. "O Zé Pedro era a pessoa que juntava os Xutos e eu não sei se os Xutos irão continuar - aliás, nós estivemos com eles no Festival Sol da Caparica, a RFM estava a transmitir, e eles não quiseram transmitir o concerto porque o Zé Pedro já não estava bem e isso notava-se muito na maneira de agir do resto do grupo. Eu não sei se eles vão continuar porque ele era mesmo a alma do grupo", sublinha, acrescentando que "ele era uma pessoa tão querida, tão simpática, tão rock n' roll... ele era a alma de tudo".  "Ele adorava música, adorava conhecer os músicos. Era fãs dos músicos", conta.

As histórias de bastidores

Teresa Lage recorda ainda que esteve presente em momentos marcantes da história dos Xutos. Um desses momentos aconteceu em Coimbra, em 2003.  "Quando os Rolling Stones vieram a Coimbra e a RFM foi a rádio oficial, os Xutos fizeram a primeira parte e foi através do Zé Pedro que nós soubemos as coisas todas sobre os Rolling Stones, porque ele estava lá quase tão fã como nós - ele dizia-nos: 'estive com o Keith Richards, ele disse-me isto, emprestou-me a guitarra e fez não sei quê'", recorda.

"Lembro-me de uma vez o Tim dar um espetáculo no Braço de Prata com o seu projeto a solo, eu estava lá sentada na mesa, e estive a conversar com o Zé Pedro. Estivemos o tempo todo a trocar dicas de livros de música... porque gostávamos os dois de coisas antigas, como os The Rolling Stones, das bandas todas dos anos 1970-1980 e de coisas atuais. Era um prazer enorme falar com ele porque era mesmo uma pessoa boa e eu duvido que haja alguém que não goste do Zé Pedro", frisa Teresa Lage ao SAPO Mag.

"Era muito boa pessoa mesmo, um grande músico e acho que era mesmo o verdadeiro rock n' roll português", remata.